quinta-feira, 5 de julho de 2012

História contada nos versos do Povo

      Quando, no Verão de 1988, timidamente ousei dedicar algumas páginas do Jornal da Costa do Sol aos singelos versos de Isolina Alves Santos, tive o grato prazer de receber longa carta do Professor Ernesto Guerra da Cal, professor emérito de Literatura Comparada na Universidade da Cidade de Nova Iorque, em que, a dado passo, me dizia, depois de se referir à importância da poesia popular:
     
      «Isolina é uma das últimas representantes desses “poetas naturais”, que outrora supriram as necessidades líricas de todas as populações rurais; que deles também dependiam funcionalmente, para as letras de cantigas e bailados, baptizados, casamentos, aniversários e festas patronais».
      E, quando viu pela televisão o massacre de Santa Cruz, a 12 de Novembro de 1991, Isolina não hesitou: pegou na esferográfica e escreveu o poema ‘Timor’, que termina assim:
                    Estão tão longe de nós
                    Ou estão perto outra vez
                    Porque a sua triste voz
                    Ainda reza em português
                                (Percorri a Minha Terra, Cascais, 1993, p. 97).

      Essa poesia dita «popular» constitui, a meu ver, um dos filões da História nossa contemporânea, nomeadamente da História Local e Regional, a que importa dar atenção e quiçá não seja despiciendo que dela se faça doravante ponto de partida para  investigação mais aprofundada.
      Prendem-se estas reflexões com dois acontecimentos da minha infância que ora, passado mais de meio século, acabei por recordar em versos. Por isso, escrevi dois despretensiosos apontamentos, na certeza de que poderão suscitar algum interesse os temas a que se referem: a participação de soldados idos da Metrópole na defesa dos Açores por ocasião da II Grande Guerra e o descarrilamento do rápido do Algarve. Poderão ser lidos e comentados, respectivamente, neste blogue, em:
e


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