segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Noite e dia, sequência irreversível…

             Assim o Poeta: senta-se no seu colo, todos os sentidos bem despertos e… deixa-se inebriar de sons, da luz e da sombra, das gentes que seus dias cruzam.
            De dia, os olhos abertos; de noite, o reino do sonho a perlar de maravilhas a realidade mortífera.
            O Dia – A Noite – O Dia (Fólio Exemplar, Lisboa, Junho de 2012, ISBN: 978-989-8382-06-1), de António Salvado: 20 páginas, 24 instantâneos – pinceladas tersas de um quotidiano vivido.
            A noite, «insondável estreita porta aberta / que mal ultrapassada logo encerra» (p. 15) – e há espaços entre as palavras, para nós pararmos em reflexão. A Terra, este «singular planeta onde a morrer se nasce, onde a nascer se morre» (p. 16) – e é verdade! Noite para pensar no que sou: «o recôndito agraz húmus d’o tudo / que é o nada de um elo a que estou preso» (p. 17). Noite que se apresenta com «descanso merecido após horas e horas de dureza» e que poderia ser vista, afinal, como «a fonte da qual água corria / e a esp’rança se vestia de tom verde».
            Ultrapassa as quatro dezenas a obra poética do Dr. António Salvado, albicastrense dos quatro costados.
            O Dia – A Noite – O Dia constitui pausada meditação – a fim de, na mesinha de cabeceira, servir de embalo fecundo para a macieza da noite.

Publicado no semanário Gazeta do Interior [Castelo Branco], nº 1239, 12-09-2012. p. 14.

Sem comentários:

Enviar um comentário