terça-feira, 30 de outubro de 2012

A inauguração oficial da «Cozinha com Alma»

             Depois de ter estado a funcionar provisoriamente, durante alguns meses, nas instalações do Centro de Dia da Pampilheira – um dos pólos de actividade da Junta de Freguesia de Cascais –, a loja da «Cozinha Com Alma» passou a ter instalações próprias na Praceta Padre Marçal da Silveira, no limite oriental do mesmo bairro.
            A inauguração oficial decorreu, como se sabe, na passada sexta-feira, 19, ao meio-dia, com a presença de Mariana Ribeiro Ferreira, em representação do Sr. Ministro da Solidariedade Social (ausente por motivo de doença), do Presidente da Câmara, do Presidente da Junta de Freguesia e vários membros do seu executivo e da assembleia de freguesia, da Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Cascais. Acorreram também representantes de entidades que patrocinam o empreendimento, técnicos camarários, jornalistas e população em geral.
            Justificou-se a cerimónia mesmo depois de já se encontrar em actividade há meses, porque desta sorte, inclusive através das reportagens passadas na Comunicação Social (escrita, falada e televisiva) se ficou a saber melhor do que é que efectivamente estava em causa.
Não se trata, como à primeira vista poderia parecer, de mais um acto de ‘caridadezinha’ (entendendo esta na sua conotação pejorativa: «toma lá um peixe para matares a fome»). Os responsáveis por esta IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) reuniram uma série de esforços, bateram às mais diversas portas e conseguiram, assim, parcerias que permitem a elaboração de pratos a preços módicos, confeccionados, diga-se, boa parte deles segundo receitas dos cozinheiros que assim quiseram também colaborar graciosamente. Aproveitaram-se as excelentes virtualidades da cozinha da creche da Pampilheira (gerida pela Santa Casa) e as técnicas da Cozinha com Alma dispõem de uma lista de famílias – inscritas na Junta de Freguesia, após cuidadoso inquérito – às quais, segundo o rendimento familiar, possibilitam refeições. Há, pois, preços diferenciados e a própria população (por enquanto…) não carente pode ir lá fazer as suas encomendas e comprar os pratos confeccionados no próprio dia ou nos dias anteriores e devidamente congelados. É essa uma forma de ajudar a instituição e, ao mesmo tempo, de se ajudar a si próprio, dado que os preços são relativamente baixos, mormente se se fizer a comparação com a qualidade que se fornece. Por conseguinte, não se trata de mais uma instituição de ‘caridade’, de mais uma «sopa dos pobres» no sentido pejorativo que esta expressão consagra, mas de um verdadeiro serviço social, a apoiar.

O jardim da Mário Clarel
            Recordar-se-á que a instalação da loja naquele local provocou uma onda de protesto por parte dos vizinhos, na medida em que para ali, a Rua Mário Clarel, desde há mais de duas décadas, se previa um espaço de lazer. Ora, a loja iria ocupar esse espaço e lá iriam por água abaixo as expectativas criadas.
            Tal não aconteceu, porém, graças fundamentalmente à grande mobilização dos moradores, que suscitou uma reunião com a presidência da Câmara, donde resultou a promessa de que não apenas a loja não iria prejudicar o espaço verde previsto como de imediato se iria estudar o seu correspondente enquadramento.
            Logo que tiveram conhecimento da inauguração oficial da loja (para que, aliás, foram expressamente convidados), os moradores voltaram a insistir junto da Presidência da Câmara e, tanto através de correio electrónico como no próprio dia da inauguração, Carlos Carreiras garantiu o início dos trabalhos logo que ficasse disponível, em 2013, o orçamento previsto para o efeito. E foi-nos dado a conhecer o desenho (em anexo) do que ali se pretende levar a efeito.
            Por conseguinte, por dois meios se procurou alcançar alguma dignidade: primeiro, através de uma acção da comunidade em prol dos mais necessitados (e, no caso concreto de Cascais, mormente da chamada ‘pobreza envergonhada’, que é a dos membros da chamada ‘classe média’, em muito perigosa via de extinção…) e acelerando o processo de reconversão dum espaço, que esperamos venha a ser, dentro em breve, uma boa referência neste bairro.

Publicado na edição de 24-10-2012 de Cyberjornal:

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