quarta-feira, 5 de junho de 2013

Na prateleira

            Encerrou, com o nº 338, datado de 22 de Maio, a publicação da quarta série do Jornal de Cascais. Tive ocasião de historiar, a traços muito largos, a 26 de Setembro de 2012 (http://notascomentarios.blogspot.pt/search?q=jornaisemCascais), o passado deste título da imprensa local, que existe desde 29 de Setembro de 1929. A série ora terminada, de distribuição gratuita, iniciou-se há seis anos e, de semanário, o jornal passou a quinzenário a partir de 23-05-2012, publicando-se em semana alternada com a edição do Jornal de Oeiras, propriedade da mesma empresa e cujo director em ambos acumulava funções.
            O vírus de escrever sobre a vida local – contraído primeiro no jornal A Nossa Terra (1964-1967) e depois no Jornal da Costa do Sol (a partir de 21-10-1967), onde mantive a rubrica «Notas & Comentários» até ao inesperado falecimento desse semanário (14-01-2010) – esse vírus conseguiu manter-se em actividade, sob o nome «Andarilhanças», no quinzenário cuja vida agora se extinguiu, e dá acordo de si, amiúde, no Cyberjornal.
            Acedo, de bom grado, ao convite que me foi dirigido para dar colaboração ao novo projecto que ora vai iniciar-se, em moldes idênticos ao que vinha fazendo no Jornal de Cascais e noutras publicações.
            Manterei, pois, o vírus em actividade. E, ao pensar no nome genérico a dar à crónica, surgiu-me de imediato: «Na prateleira». Exacto: a inspiração veio da intenção «governamental» europeia de pôr muitos funcionários na prateleira e no conhecimento que tenho de muitos que são pagos (felizmente para eles!) e a que se lhes não dá qualquer tarefa a executar porque… «não interessam».
            Sempre essa atitude me causou enorme surpresa (eu sei, não devia causar-me…) e, por isso, não garantindo que não vá, de tempos a tempos, falar desses casos, proponho-me sobretudo continuar a ‘andar por i’, a bisbilhotar prateleiras – actuais e antigas, saudáveis ou já em putrefacção. A prateleira e, claro, o que nela se pespegou – para ser apreciado, louvado, perpetuado; ou para ser posto de lado, esquecido, espezinhado, qual verme que rapidamente interessa amortalhar…
            Que armas usar? Jogo limpo, como se requer no judo ou no futebol. E a ironia dos «comentadores» encartados (nunca lhes chegarei aos calcanhares, bem no sei, mas vou tentando…), mesmo que essa ironia possa vir a ser apodada de «desbragada». Aliás, há aí ironia que desbragada não seja para os que nela directa ou indirectamente sentem rever-se?

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 1, 05-06-2013, p. 6.

1 comentário:

  1. Chamou-me a atenção Manuel Eugénio: do Jornal de Cascais houve cinco séries e não apenas quatro, como atrás se indica. É que, antes do jornal fundado por Luís Pires e de publicação iniciada em 1929, houvera um Jornal de Cascais «semanário republicano», dirigido por Abeilard de Vasconcelos (que chegou a ser presidente da Câmara), e de que Manuel Eugénio tem o nº 13, datado de 25-06-1911!
    Agradeço a gentil informação!

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