Trata-se, sem
dúvida, de um hino à juventude bem patente nos actores, utentes todos eles
daquele Centro de Convívio. Nasceu este Grupo de Teatro da Freguesia de Cascais
no Natal de 2011 e esta foi a sua auspiciosa noite de estreia.
Trata-se
da sequência de dezasseis brevíssimos quadros em que, de um modo geral, se
parodiam situações do dia-a-dia, anedotas, chistes, não desprovidos aqui e além
do saboroso trocadilho, sem falarmos já da habitual crítica de costumes, sempre
motivo para uma boa galhofa...
A
senhora (Angelina Duarte) manda o arrumador (Joaquim Duarte) trabalhar e ele
riposta de imediato, com a maior naturalidade: «Mas eu estou no meu local de
trabalho!» O alentejano chumbou na carta de condução, porque viu a placa com o número
30 e deu 30 voltas à rotunda; e diz-lhe o outro: «Ó compadre, se calhar vossemecê
chumbou porque se enganou nas contas!...». À senhora mui queixosa («Por estas
bandas, doutor, há muito que não sinto nada!...») o médico (António Costa) receita
sexo pelo menos três vezes por semana; o marido, chamado para saber da receita,
informa o clínico de que, sim senhor, à segunda e à quarta pode trazer a mulher
ao consultório; à sexta, porém, ela terá de vir de autocarro! Depois, os
problemas conjugais das senhoras (Margarida Garcias e São Madeira) que casam
com homens de Pau Gordo ou de Ponta Delgada e, se calhar, o melhor é irem para
Miranda, onde os pauliteiros são capazes de ter pau rijo… «Uma mulher», bom momento
de poesia, dita por Ana Maria. «Minha amora negra», bonito trecho musical,
cantado por São Madeira (agradável voz), acompanhada por um ‘corpo de baile’ (Teresa
Pereira, José Lourenço, Maria Campanudo, Carlos Carneiro, Maria dos Anjos e António
Santos). Presta-se a riso o posto de venda das hortaliças frescas, apanhadinhas
na horta: os belos tomates do marido, os grelos da vendedeira e também os da vizinha
que o marido não desdenha…
Enfim,
quase hora e meia de boa disposição, em que o palco serviu para mostrar que, na
verdade, nem os trapos merecem o adjectivo de ‘velhos’ quanto mais os que frequentam
este Centro de Convívio e desta forma se mostram activos, se divertem e
divertem os demais.
Justo
é, pois, que se refiram os nomes de todos os intervenientes (para além dos já
citados, todos se desdobrando, aliás, em vários papéis): Norvinda Santos, Maria
José, Laurinda Freire, Antónia Morais, Carlos Ventura, Teresa de Jesus. O som
esteve a cargo de José Carlos; António Morais foi o contra-regra; Carlos
Carneiro, o director de cena; parte do guarda-roupa ficou a dever-se ao superior
talento de Joaquim Carvalho (do Grupo Cénico da AHBVC); as Carlas (Magalhães e
Chaves) encarregaram-se da caracterização: A colectividade de Murches emprestou
cenários e microfones de lapela. Por intervenção da presidência da Junta de Freguesia
de Alcabideche, pôde ser feita em estúdio a gravação do som.
No
final, agradecimentos dos actores ao encenador, do encenador a todos e o
aplauso do Executivo da freguesia simbolizado também na entrega de lembranças.
Publicado em Cyberjornal, 2013-04-26: