O Almirante Martins Guerreiro, um dos «capitães de Abril», são-brasense ilustre que a autarquia homenageou o ano passado dando o seu nome a uma das artérias da vila, reside em Algés (concelho de Oeiras) desde os anos 70. Mais um aniversário do 25 de Abril foi motivo para que um jornal local, O Correio da Linha, lhe dedicasse integralmente, em extensa entrevista, as páginas centrais (p. 11-13) do seu número de Abril deste ano, profusamente ilustrada com fotos do seu álbum de família, a documentarem aspectos mais salientes da actividade deste nosso patrício.
Depois de historiar o que foi a sua carreira como militar antes do 25 de Abril, Martins Guerreiro deu particular ênfase à sua actuação no quadro das operações da Revolução dos Cravos e nas funções que depois veio a desempenhar antes da passagem à reserva.
Interrogado sobre se estava «desiludido com a actual democracia portuguesa», declarou que desiludido não estava, mas sim insatisfeito, acrescentando:
«Enquanto os candidatos forem nomeados pelas direcções dos partidos teremos sempre uma democracia muito limitada. Quem escolhe os deputados não é o povo português, este apenas confirma alguns mas quem os escolhe são as direcções dos partidos. Esta é uma limitação grave».
Agraciado com a Medalha de Mérito Grau Ouro do Município de Oeiras, Martins Guerreiro referiu-se desta forma à homenagem que a autarquia de S. Brás lhe prestou:
«Foi uma situação curiosa mas embaraçosa ao mesmo tempo», porque «na altura da cerimónia eu era a única pessoa viva entre os vários homenageados. Encarei-a como uma homenagem aos militares de Abril e não tanto ao Martins Guerreiro».
Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 162, 20-05-2010, p. 7.
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