A frase foi repetida, mais uma vez – ela é tão conhecida que corre, infelizmente, o risco de não se lhe ligar a importância que tem – na última assembleia-geral da Misericórdia de Cascais, por um dos irmãos, em jeito de comentário ao facto de a Mesa Administrativa ter decidido denunciar o acordo que celebrara com o Estado no que concerne a prestação de Cuidados Continuados na Residência Sénior, em Alcoitão.
Celebração com pompa e circunstância e presenças amáveis de responsáveis de Lisboa, justamente por ser essa uma das valências mais carenciadas no País e, sempre que uma se inaugura, soam trombetas e proclama-se generosidade governamental, a sua atenção solícita aos idosos e doentes mais necessitados. A Santa Casa acreditou e… viu-se a braços com o avolumar de dívidas, porque o apoio contratado vinha tarde e a más horas ou… ainda estava para vir! Só em fraldas já eram uns milhares!...
O assunto fora, aliás, tema de debate na reunião camarária do dia 22 de Fevereiro, curiosamente por iniciativa da vereadora do partido do Governo: importaria dar a oportunidade, disse, «de se completar este Hospital [o novo, a inaugurar no dia seguinte] com hospitais de retaguarda ou hospitais de cuidados continuados», «em particular as instalações do ex-Hospital Ortopédico José d'Almeida, que vão ficar disponíveis» assim como as do ‘velho’ hospital.
Em resposta, o Sr. Presidente retorquiu «que a opção do Governo foi o de não aproveitar as instalações sobrantes do Centro Hospitalar de Cascais para esse efeito e sim estabelecer contratos com instituições particulares de solidariedade social, no sentido de, em pequenas unidades, alojar as pessoas para estes cuidados continuados». «Por outro lado», continuou, «o acordo feito com a Santa Casa da Misericórdia de Cascais está em perigo, pelo simples facto de que a Câmara de Cascais subsidia fortemente o funcionamento do Lar de Alcoitão, evidentemente para facilitar que munícipes do Concelho possam utilizar aquelas instalações. Mas entretanto a Misericórdia, com a concordância da Câmara, celebrou um acordo com o Estado para um conjunto não despiciendo de camas para cuidados continuados e o que se constata agora é que […] muito provavelmente nos próximos dias a Santa Casa da Misericórdia vai acabar com o acordo porque, em primeiro lugar, o Estado não lhe paga desde que aquilo abriu e, em segundo lugar, constata-se que doentes oriundos de Cascais é raro irem para lá e isto sucede porque a gestão não está entregue às autoridades de saúde do Concelho de Cascais».
Publicado no Jornal de Cascais, nº 225, 22-06-2010, p. 6.
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