Não, não vou bater mais no ceguinho. Estamos todos plenamente convencidos de que:
- os ricos não pagam a crise;
- as mordomias dos senhores políticos (governamentais) se mantêm e se acrescentam até;
- as inconcebíveis alcavalas da factura da electricidade não sofrem generalizada contestação (não surgiu nenhum petição ainda!...);
- as verbas do Jogo da Costa do Estoril não só são cada vez menores como haverá um senhor de Lisboa a dizer «Não dou!»;
- foi jogada política sem sentido (está bem, teve sentido político!...) a inopinada extinção da Junta de Turismo da Costa do Estoril…
Portanto, tudo isso é… compreensível. Quero, pois, referir-me a um assunto que não compreendo.
Prende-se com o calor anormal, o buraco do ozono, a excessiva densidade de raios ultravioletas da luz solar… Derivam, diz-se, do exagerado consumo de energia, mormente dos veículos automóveis. Proclamam-se cândidas intenções políticas; mas… é ver – e não apenas em horas de ponta – a fila imensa que se forma à saída da A5. Não vislumbrei, nos programas eleitorais, intenção de desbloquear a situação – que aquela saída, assim, é provisória, é perigosa e constitui vergonha. Nada se disse, Nada se diz. Ou melhor, aqueles que nós reputamos responsáveis nada dizem. Se estão a mexer no assunto, fazem-no pela calada, não vá levantar-se a lebre!
E, ao calor, o Povo padece, padece, padece!...
Bem se advoga que queremos os políticos na rua, a beber um copo co’a gente, para sentirem o pulso da vida verdadeira, a dos trabalhadores, de todos os dias. Saiam, amigos, saiam! Vão ver como se sentirão mais felizes!
Publicado no Jornal de Cascais, nº 230, 27-07-2010, p. 4.
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