O momento mais importante é a boa colocação da pedra que em bruto lhe chegou às mãos. Já sabe o que dela vai sair: um peitoril, uma verga, uma soleira… Por isso, estuda-a bem, para saber por onde há-de começar.
Ajeita-a com um punhado de lascas (o chão está cheio delas); firma-a; senta-se no banco improvisado (um toro com pedaço de tábua velha pregado, coberta por farrapo de cotim ou pelo papel grosso do saco de cimento); mede de novo (é um metro amarelo, articulado, de madeira, com centímetros e polegadas); confronta o esboço que o patrão lhe entregou… Então, vamos lá começar!
De maceta em punho, desbasta-a nas arestas com o escacilhador (ou escacilhador), um escopro grosso. O desbaste na superfície é feito a ponteiro (esponteirar). O escopro alisará depois e chegará quase às medidas prefixadas. Amiúde, entra de seguida o bujardão, de 16 dentes (boca de 4 x 4), e logo a bujarda, com boca de 7 ou de 9, conforme se pretenda o ‘picado’, grosso ou fino. Nos seus 49 dentes, a bujarda empresta aquele toque rugoso que se preconiza para os elementos arquitectónicos. E o metro sempre por perto, porque as medidas se querem rigorosas.
No peitoril, o badame (escopro fino) vai servir para rasgar a ranhura de encosto do batente; a goiva arredondar-lhe-á o corte; o ferro de romã (assim chamado devido ao feitio da sua superfície de corte) será fundamental para abrir o buraco central de escoamento das águas.
Junto às arestas, o escopro ou o ferro de dentes (gorjeta de dentes) alindarão o conjunto, uma espécie de nastro a sublinhar obra de arte…
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 149 (Junho 2011), p. 10.
Ilustração
Instantâneo - em 9 de Novembro de 2006 - de dois canteiros em pedreira já semi-abandonada na Pampilheira (Cascais), que fazem cascões, essas lajes toscas que servem para pavimentar jardins ou aplicar em muretes rústicos.
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