Por isso, estamos a assistir em diversos órgãos de
Comunicação Social e até em livros a
esse desejo de mostrar como é que o Povo fala e falava, de modo a não se
perderem as expressões de outrora – e ainda bem! Lutamos, assim, contra essa
danosa invasão de frases (que até ouvimos dos «senhores políticos»!...), como newsletter, best of, workshop,
brainstorming, meeting, call center, call of papers…
Isso aqui temos feito e, agora que o frio aperta, não
é invulgar que fiquemos, a determinado momento, com os dedos… entanguidos! O
adjectivo pode assumir diversos significados mas, no falar algarvio, é… «não
ter engenhos»! Ou seja, o frio impediu a circulação
do sangue e os dedos perderam força e só à custa de muita fricção é que voltamos… a ter engenhos, para, por
exemplo, pegar em qualquer coisa! «Não tens engenhos nenhuns!», dizíamos ao
moço pequeno que não lograva atirar o «bias» (berlinde) para longe…
Curiosas, sem dúvida, as duas
expressões. E se, aqui, ‘engenho’ se prenderá, naturalmente, com o latim
«ingenium», capaci dade, não me
admiraria que entanguido seja susceptível de se relacionar com o verbo latino
«tangere», tocar para a frente, sendo ‘entanguido’ o oposto, aquele que nem se
pode mexer!...
Publicado
em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 169 (Fevereiro 2013) p. 10.
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