Compreendo,
por isso, a lamentação de um antigo
aluno meu, Miguel Lacerda, apaixonado pela arqueologia subaquática e incansável
lutador pela defesa do ambiente marinho
(escreveu, por exemplo, Cascais Atlântico
- Fauna Marinha de Cascais, livro lançado a 11-12-2008, um guia ilustrado
com 416 páginas e 700 fotos), ao enviar-me imagens do abundante lixo que, numa
das habituais campanhas de limpeza do oceano Clean up the World), logravam apanhar! E, sobretudo, chamava-me a atenção para uma, com a bateria de um barco, que, já
fora de uso, algum mestre de faina não hesitara em atirar para o fundo, sabendo
perfeitamente o crime de leso ambiente que estava a cometer.
Rejubilei,
pois, quando o Prof. Jorge Paiva, na sua incansável campanha natalícia de há
décadas em prol da biodiversidade, escolheu para tema do seu bilhete-postal
deste ano a «biodiversidade das pradarias marinhas». A fotografia, tirada em 20
de Abril de 2011 em Cuiba, Pemba, na costa moçambicana, mostra uma estrela-do-mar
e um ouriço «numa pradaria marinha de Thalassia
hemprichii», uma alga.
Vivem
nessas pradarias algas e plantas vasculares, salienta o professor, fonte de
alimentação para «miríades de
pequenos seres vivos […] desde peixes herbívoros a imensos moluscos e seres
microscópicos». Por isso, acrescenta: «São, pois, ecossistemas de elevada
biodiversidade e a sua preservação é
extraordinariamente relevante para a riqueza piscícola de qualquer país com
litoral marinho , pois, tal como os
sapais e os mangais, são relevantes “maternidades” e “berçários” da vida marinha».
Apelando
para que cada vez se conheçam melhor estes habitats, dado que até os que vivem
da pesca «frequentemente as destroem com as suas redes de arrasto», o seu voto
é: que se tome consciência clara
desta importante realidade!
Naturalmente,
um voto que faço meu, neste dealbar de um novo ano!
Publicado em
Miguel de Lacerda escreveu:
ResponderEliminar"Muito obrigado pela citação, Professor José d'Encarnação :), infelizmente, o lixo marinho é uma realidade difícil de combater, difícil de controlar e fácil de esconder... Pena é que não possamos fazer muito mais para divulgar estes e outros crimes que se cometem no nosso ambiente e no nosso mar!"