‒ Estás a referir-te ao medronho, claro, que
ele cafezinho aqui há sempre! Não te preocupes, eu vou ali à da Ti Marquinhas
e, de caminho, dou de vaia ao Joquinito e trago-te uma garrafita de um que ele
lá tem e que é um estalo!
Fiquei
a pensar na frase que me saiu: «à mão de semear». Felizmente que a dirigira a
um velho como eu, que sabe dessas modas antigas e não estranha. Se estivesse a
falar a um catraio, não sei se perceberia qual o seu real significado, de uma
tradição agrária ora quase perdida. Quiçá a imagem não, que nos alembramos logo
da parábola evangélica do semeador; e revivemos mentalmente o gesto largo da
mão que lança as sementes, depois de, solerte, as ter ido buscar ao saco de serapilheira
a tiracolo… E, logo atrás, o macho atrelado à grade, para recatadamente
aconchegar o grão no rego que o arado abrira e que urgia tapar, não fossem
pardais ou mui sorrateiras arvelas comer o que, meses depois, em espiga farta
haveria de sorrir…
«À
mão de semear»: assim a jeito, para melhor desembaraço, que não há tempo a
perder!
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 193, Fevereiro de 2015, p. 10.
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