Ando
‘preocupado’, confesso, ao ver que também eu, com frequência, não acabo as
frases que inicio, numa ânsia (parece!) de tudo querer abarcar num ápice, como
que sobrevoando os momentos sem deles realmente me aperceber.
Vinha
na primeira pastinha a carta de um amigo, de que há meses nada sabia.
Morrera-nos, de repente, um dinâmico colega das lides da nossa ciência
epigráfica; eu supusera, desde logo, que parte do trabalho dele recaíra agora sobre
o Joaquim, mas… a carta dele foi inesperado murro no estômago:
«[…] Lo que pasa es que era Pepo quien se
encargaba de gestionar el día a día de Hispania
Epigraphica on line y, desde que murió, eso revirtió sobre mí, no precisamente
en el mejor momento, porque han añadido a mis visitas quincenales al Hospital
las pruebas para realizar un trasplante de médula ósea, que es lo que me ha
tenido ocupado desde mediados de Enero».
A mensagem é de 15
de Fevereiro de 2014. Felizmente, o transplante decorreu com a norma lidade possível e Joaquim, paulatinamente, está
a voltar à actividade.
A
segunda pastinha traz a conhecida história de ‘Joshua Bell e o metro’ (assim
mesmo, de imediato acessível na Internet). Por iniciativa do jornal Washington Post, com o objectivo de
introduzir um debate sobre «valor, contexto e arte», o célebre violinista
Joshua Bell tocou, ao começo da manhã de 8 de Abril de 2007, numa estação de
metro de Nova Iorque, no seu stradivarius
de 1713, avaliado em mais de três milhões de dólares. Aliás, exibira-se, dias
antes, no Symphony Hall de Boston, uma das melhores salas de concertos do
mundo, num espectáculo onde os melhores lugares custavam… mil dólares! Ali, na
manhã apressada da estação do metro, a gente nem lhe deu atenção e, ao fim de
45 minutos, apenas arrecadara… 32 dólares e 17 centavos! «Bell, no metro», comenta-se
no final da história, «era uma obra de arte sem moldura».
Há,
pois, que emoldurar os nossos momentos. Todos!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 663, 01-06-2015, p.
16.
Qué quieres que diga, sino Carpe diem! y por tenerme presente en los momento difíciles!
ResponderEliminarDiálogo de sabios...sólo escuchar.
ResponderEliminarTeresa Silva:
ResponderEliminarCarpe diem! Esquecemo-nos muitas vezes disso numa aparente azáfama sem sentido... Vamos apurar os ouvidos aos virtuosismos da vida! Beijinhos de Coimbra Professor!
Armando Redentor:
A propósito, adiciono uma "pastinha" com a voz da Mariza. A letra é do Miguel Gameiro: https://www.youtube.com/watch?v=9kmwY1Z3YNY. Decerto conhece, mas sabe sempre bem ouvir... Anotei!
Joaquín L. Gómez-Pantoja: Fuera del carpe diem, nada supera "I did my way" del gran Frankie: https://www.youtube.com/watch?v=YXAdJOk_30k
Qué puedo decir, salvo que me he doctorado en disfrutar no el día sino el minuto? Gracias a José y José-Vidal Madruga.
O meu comentário:
Grato a quantos (um grande abraço, meu caro Joaquín L. Gómez-Pantoja!) tiveram a gentileza de comentar - e de ler, mesmo sem comentar! - este apontamento! Vamos todos - como sugere Joaquín - procurar dizer com toda a consciência, ao final do dia: 'Yes, today I did my way!». Ou, parafraseando o imortal Machado: «Sim, também hoje, al caminar hizo camino!».
De: Regina Anacleto
ResponderEliminarquarta-feira, 3 de Junho de 2015 16:25
Vi, no facebook, a chamada de atenção para o seu escrito. E fui ler (como faço muitas vezes). Pedia uma opinião. Não quis deixar de lhe dizer que também eu sinto a necessidade de viver e de valorizar cada momento que passa. É um paradoxo: por um lado é mais um momento que se vive, por o outro é menos um com que contamos no nosso devir. Mas pensar pela positiva dá alento e leva-nos a ser felizes tanto quanto a nossa personalidade e a nossa maneira de viver o permite. Ser feliz é subjetivo.
O primeiro caso que refere, compreendo-o mais do que bem. Também vivi (e vivo) algo semelhante. O segundo, o do violinista Joshua Bell, já o conhecia. Tinha passado pelo meu computador há já bastante tempo. Duas coisas tão diferentes e que, contudo, nos conduzem a um relativismo tantas vezes não aceite e ao lado do qual se pretende passar sem parar para refletir.
Desculpe este meu filosofar barato, mas foi a reflexão que o seu belo (como sempre) escrito me desencadeou.
Um abraço muito amigo
Regina