‒ Pois o diacho do homem era assim. Não lhe
fizessem a vontade, ficava logo cheio de nervoso miudinho e muita vez nos
virava costas e saía de rabo alçado! De manhã, então, quando no dia anterior se
combinara um trabalho…
‒ Já viste, Mane l?
O tempo não tá capaz, tá de fosquinhas!…
…
virava costas e abalava nunca se sabia bem para onde. Uma tristeza sem
mezinha!...
Gosto
do «rabo alçado» – como gato ou cão que adivinha tempestade e foge enquanto é
tempo! Gosto do «nervoso miudinho», para dar aquela ideia
de que treme muito, não está quieto, sem mão em si; e a criação do substantivo a partir do qualificativo…
óptima!
De
fosquinhas – negaças, caretas… – já falámos. Como se o céu e suas nuvens
connosco brincassem aos palhaços.
De
mezinhas todos sabemos também; mas custa-nos muito quando a situação é de tal modo grave que só a podemos classificar
de «tristeza sem mezinha»!…
José d’Encarnação
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 201, Outubro de 2015, p. 10.
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