Ao
pensar numa crónica sobre quais as minhas impressões sobre o Brasil, designadamente
recordações das viagens que, felizmente, tive ocasião de, em serviço, lá fazer,
surgiu-me a ideia de chamar a atenção para o facto de o Brasil, afinal, estar
bem perto de nós.
Na
verdade, todos os dias ouvimos falar no português do Brasil, quer em entrevistas
na rádio e na televisão quer mesmo no dia-a-dia, porque muitos brasileiros
vieram para Portugal e hoje se ocupam nos mais diversos serviços. Não, não vou
dizer (embora seja verdade!...) que trabalham em ocupações que o português, por
ganhar mais no desemprego do que a trabalhar, se nega a ter. Verifica-se,
porém, que – tal como o português que emigra e está disposto a fazer ‘qualquer
coisa’ – também brasileiro não enjeita tarefas.
Claro,
custa-nos que um país como o Brasil, com
tantos recursos não consiga um equilíbrio social e económico capaz de dar um razoável
nível de vida aos seus cidadãos; mas, de facto, se olharmos à nossa volta, ao
nosso Portugal… a azeitona por colher, a amêndoa que seca na árvore, os úberes
campos sequiosos de enxada ou de tractor, a horta ao pé da casa que já não recebe
um carinho…
Assim
se nos vai a vida: a particular, porque (os que queremos) não temos mãos a
medir; a pública, porque, para esses, é sempre muito curto o tempo para
trabalhar eficazmente entre cada campanha eleitoral…
Ao
referir o público, o oficial, aqueles que mandam, lembrei-me de esses terem
aprovado um acordo para nos obrigarem a escrever doutra forma, justamente para
nos uniformizarmos com o que se escreve no Brasil. Por sinal, dizem-me, o
Brasil não assinou. Abençoados! Quem, em Portugal, pensou no Brasil, viu assim
os seus burrinhos caírem todos na água; mas não se interessou e eles já se afogaram
todos!
Mentalidade
tacanha, miopia institucionalizada, que nem sequer se dá ao trabalho de
verificar que, no computador, ao tentarmos escolher o inglês como idioma de
escrita, ele nos pergunta se é o inglês do Belize, do Caribe, das Filipinas, do
Reino Unido!... 18 (dezoito!) são as opções! Do Português… duas!
Esteira algarvia, de S. Brás de Alportel, feita de tamiça. |
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 749, 2019-03-01, p. 11.
Ana Teresa
ResponderEliminar2 de março às 12:59
E continuam a dizer tabelião e, em vez de irem ao notário, vão antes ao cartório. Em vez de carta de condução, carteira de motorista.
Ju, sexta-feira, 5 de Abril de 2019 20:43
ResponderEliminarQuanto à foto da esteira, também eu convivi com quem as fazia muito bem (as esteiras, não as fotos...) e aprendi a fazer essa empreita que antes se usava apenas nas casa humildes e que, hoje, são peças de arte que qualquer pessoa importante não se importa de possuir.