Muito bem aproveitado o Dia dos Monumentos e Sítios (sábado, 18 de Abril) para se proporcionar à população cascalense a possibilidade de ir espreitar a gruta do Poço Velho, bem no coração da vila.
Referiu-se a Senhora Vereadora ao facto de, desde criança, aquelas grutas haverem exercido sobre ela a sedução do desconhecido e, por isso, ter sido um dos seus propósitos, ao pegar nas rédeas da carruagem da Cultura, diligenciar no sentido de, antes do final do mandato, o desejo de tantos cascalenses como ela vir a ser concretizado: ver o que era aquilo, se como as de Mira d’Aire ou as de Alapraia, o que eram…
«Ele há horas de sorte», como apregoa o cauteleiro. E teve sorte a actual equipa e seus colaboradores – e ainda bem! Não a tiveram outros, que pela Arqueologia cascalense vêm labutando. A taluda nem a todos calha… é a vida! O que interessa é que saia e torne as gentes felizes!
Por iniciativa de Abreu Nunes, quando presidente da Junta de Turismo da (então) Costa do Sol, fez-se a electrificação da gruta e foi possível abri-la ao público. Depois, as humidades tudo estragaram. Em tempo de Helena Roseta, em colaboração com o Departamento de Arqueologia governamental, então dirigido por António Carlos Silva, quis-se um plano pioneiro para Cascais e uma equipa liderada por Guilherme Cardoso e Luís Pascoal avançou no plano de reabilitação do imóvel. Vieram as inundações e, literalmente, tudo foi por água abaixo e todo o dinheiro teve de ser canalizado para suprir às muitas dificuldades que as gentes da vila padeceram.
Em tempo de José Luís Judas, quando José Manuel Carinhas (que descanse em paz!) era simultaneamente assessor do presidente e presidente da Junta de Turismo da Costa do Estoril voltou-se ao projecto. Luís Pascoal voltou à mesa das conversações, com o entusiasmo de outro cascalense, José Jorge Letria; gizaram-se planos; acertaram-se verbas (que viriam das contrapartidas do Jogo e da Comissão de Obras da Zona do Jogo do Estoril); programou-se o faseamento da acção; fizeram-se réplicas dos objectos, que a ideia era mostrar como a gruta havia funcionado de necrópole há cinco mil anos atrás… Mas embrulha aqui, embrulha dali, regateia acolá… Não houve o clamor das cheias, mas outros clamores se ergueram, a prioridade à Arqueologia e ao turismo cultural era, ainda, ideia peregrina de mais…
Escrevemos sobre isso no Jornal de Região – Cascais, a 27 de Outubro de 1999, um texto que se transcreveu em Cascais e os Seus Cantinhos (CMC, 2002, p. 72-75). Para que conste! Que a imprensa local e regional, doa a quem doer, ainda detém importante papel a desempenhar no relato da história local. E desempenha-o!
Regozijamo-nos, pois!
E não foi, pois, sem emoção que, no dia 18, voltámos, religiosamente, a percorrer aqueles recantos pejados de simbolismos...
Publicado em Jornal de Cascais, 28-04-2009, p. 4.
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