No dia de Carnaval, durante perto de uma hora, ao final da manhã, Cascais esteve sem energia eléctrica.
Hoje, boa parte dos aglomerados familiares têm o seu telefone fixo ligado a um dispositivo eléctrico (moden) que activa a televisão, o telefone e o acesso à Internet. Isso significa que, se não houver telemóvel, se fica sem possibilidade de contacto. Aliás, a falha de energia eléctrica também pode afectar os postos retransmissores de telecomunicações.
Foi uma simples falta de energia em dia, embora frio e chuvoso, mas sem prenúncio de tempestade ou de catástrofe. Mas… se catástrofe houvera? Se inundações acontecessem?... Numa circunstância dessas, agarrava-se, naturalmente, no velhinho rádio transístor, a pilhas, que porventura ainda houvesse em casa, a fim de saber o que se passava, como agir… Esquecemos rapidamente a grande revolução que foi a invenção do transístor, que permite ao pastor perdido pelas encostas saber das notícias do mundo ou ao velhinho do lar acompanhar, ao ouvido, o relato de futebol da sua equipa favorita.
E é nessas circunstâncias que volto a recordar-me daquela cena em que o director de uma rádio local, em reunião para formação de uma espécie de «comissão de catástrofe», sugeriu que a rádio deveria ter um gerador próprio e o solicitou, por isso, à Protecção Civil. A resposta? Claríssima: «Quer um gerador? Compre-o!». Coitado do interlocutor, que de protecção civil pouco devia perceber e, se calhar, estava ali porque o partido lhe fizera o jeitinho…
Não há rádio de proximidade no concelho de Cascais, também porque nem os que ‘dão cartas’ nos órgãos autárquicos nem os agentes económicos alguma vez se importaram com isso; nunca perceberam – ou parecem não ter percebido… – a importância de uma rádio de proximidade. Nem rádio nem jornais.
E é pena! Se calhar, é o único concelho do País que não se interessa com isso. Está próximo de Lisboa, julga que vive à sombra da capital. Quanto se engana!
Publicado no Jornal de Cascais, nº 208, 23-02-2010, p. 4.
Post-scriptum: Esta crónica foi preparada muito antes da tragédia que se abateu sobre a Madeira. Infelizmente, a tragédia veio confirmar a nossa razão; e também se mostrou que não foi maior, por aí existirem ainda muito vivas as relações de vizinhança.
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