Também a gastronomia é património cultural e assim o consigna a Resolução do Conselho de Ministros nº 26/2000, de 26 de Julho, em que se afirma expressamente ser a gastronomia portuguesa considerada «como um bem imaterial integrante do património cultural de Portugal». E por isso ali se determina, entre outras acções, que se faça «um levantamento do receituário tradicional português, em toda a sua diversidade, evidenciando-se os aspectos que o singularizam» e se promovam «concursos locais, regionais e nacionais de gastronomia».
Assim, de 16 de Novembro a 31 de Janeiro, decorreu entre nós a iniciativa «São Brás com tempero», a pôr a par da I Quinzena Gastronómica «Sabores do Caldeirão», realizada de 1 a 15 de Abril do ano passado.
«Sopas com galinha, açordas, migas com entrecosto, javali, ensopado de borrego e de galo, feijão com repolho, carapaus alimados» foram alguns dos petiscos que o são-brasense e os forasteiros visitantes puderam apreciar.
Iniciativa de muito louvar, pois adverte Fialho de Almeida que a independência de um país pode começar a perder-se quando forem desaparecendo os «petiscos raros, sábios, finos, verdadeira sinfonia de sabores sempre sublime» que são como «monumentos locais».
E Boaventura Sousa Santos acentua a importância da gastronomia no contexto cada vez mais absorvente da globalização:
«À medida que se globaliza o hamburguer ou a pizza, localiza-se o bolo de bacalhau português ou a feijoada brasileira, no sentido de que serão cada vez mais vistos como particularismos típicos da sociedade portuguesa ou brasileira».
Publicado em «VilAdentro», de S. Brás de Alportel, nº 134 (Março 2010) p. 10.
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