Elas vêm donde menos se espera e sob os mais variados pretextos.
– O senhor do Porto que necessita urgente, há mais de cinco anos, de sangue do tipo B negativo;
– A menina desaparecida, sempre a mesma, Maria Cecília, que vai sendo apresentada como conhecida deste e daquela (conforme a proveniência da mensagem) e o número de telefone de contacto – (21)7826-9408 – é… donde?
No mês de Julho, pasmei: «Fulano vai ser jogador do… por quatro anos!»; «Cicrano treinará a equipa nas próximas três épocas». Que quatro anos? Que três épocas? A afirmação é categórica, sem dúvida, mas toda a gente sabe que, na primeira oportunidade, ao primeiro isco apetecível… o peixe morde, o dono do peixe tem enorme ataque de amnésia e… quais quatro anos nem meios quatro anos!...
Recebera, há já algum tempo, esta mensagem:
«Gabriel García Márquez se ha retirado de la vida publica por razones de salud: cáncer linfático. Ahora, parece, que es cada vez más grave. Ha enviado una carta de despedida a sus amigos, y gracias a Internet está siendo difundida».
E a mensagem começa assim:
“Si por un instante Dios se olvidara de que soy una marioneta de trapo y me regalara un trozo de vida, aprovecharía ese tiempo lo más que pudiera”.
E continua com frases bem bonitas, sábias lições de vida.
Ocorreu-me esse ‘testamento’ por ocasião do passamento de António Feio; também ele nos deixara um «testamento» e, como não encontrei de imediato o de García Márquez no computador, recorri a um motor de busca e… qual não foi o meu espanto quando deparo com esta informação: -:
«Desde 1999, circula pela Internet um poema atribuído ao escritor colombiano Gabriel García Márquez ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1982. O poema é intitulado La Marioneta ou "A despedida de Gabriel García Márquez" e é apócrifo». http://www.quatrocantos.com/LENDAS/31_marioneta.htm
O próprio escritor (assevera-se) o garantiu e, na Internet, há muitos depoimentos já a esse respeito, o que não impede de esse «testamento» continuar a circular como verdadeiro.
«E así se hacen las cosas», sói, pois, dizer-se, desde os tempos do Sr. Gil Vicente, há quinhentos anos atrás!
Publicado em Jornal de Cascais, nº 232, 31-06-2010, p. 4.
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