Riqueza única, o tempo!
Procura-se aproveitá-lo o melhor possível, não o deixar exaurir-se por entre os dedos; importará, porém, não ter uma preocupação excessiva, uma ansiedade que te leva a não se aproveitarem as oportunidades.
Estás com uma pessoa amiga do peito que já não vês há muito tempo; passas pela estação e vês que o teu comboio parte daqui a sete minutos; mas não sabes a que horas parte o barco do teu amigo. Porquê tanta pressa em o largares, só para não perderes esse comboio? E se o levares calmamente ao barco e só depois vieres para o comboio, o que for? Deixando o teu amigo só por causa de um quarto de hora, perdeste uma oportunidade de… estar com ele mais um bocadinho. E quando é essa oportunidade surgirá de novo?
Pediu-me a Joaquina que a acompanhasse na visita aos museus locais, numa altura, das raríssimas que tem, de ‘descer’ das Beiras até Cascais. Acedi com todo o gosto, porque há séculos que estamos para nos encontrar e é só, de quando em vez, uma troca de mensagens por correio electrónico ou um telefonema apressado. Havia para essa tarde apenas um compromisso: o de ir buscar a neta à escola a determinada hora. Fui buscar a neta e…deixei a minha amiga, que acabou sozinha as visitas!… À noite, dei comigo, no exame de consciência diário antes de adormecer, a perguntar-me: «Porquê?». É que, na verdade, a Joaquina poderia ter ido buscar a neta comigo e, compromisso satisfeito, voltava-se às visitas! Nada mais natural – que um dia não são dias!... E quando voltará a Joaquina a ter a oportunidade de estar comigo?
Recordo amiúde – e creio que já o escrevi outra vez – aquele anúncio de um uísque, em página inteira de revista de uma companhia aérea. Rezava mais ou menos assim.
«Todos os dias, milhões de pessoas se levantam dos seus lugares antes de os motores do avião pararem. Para quê tanta pressa? Uísque W… para saborear sem pressas!»
Publicidade certeira; magnífica, a mensagem que encerra!
Publicado em Jornal de Cascais, nº 235, 21-09-2010, p. 6.
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