Faleceu na Casa Salesiana de Manique, a 6 de Agosto, com 77 anos, o padre Edgar Damásio. Do seu passamento só agora tive conhecimento através do Boletim Salesiano.
Permita-se-me que evoque aqui a sua memória, para que fique registada a sua passagem entre nós, não só porque foi professor de muitos dos jovens que, nas décadas de 60 e 70, passaram pela Escola Salesiana do Estoril, mas também – e sobretudo – porque foi «ministro da Palavra» em várias das capelas a que os Salesianos foram dando apoio ao longo destes anos, nomeadamente quando a comunidade do Estoril ainda contava com bastantes sacerdotes disponíveis para celebrarem as missas dominicais pelas circunvizinhas paróquias de Estoril, Cascais e Alcabideche.
Recordo que esteve ligado, durante muitos anos, à capela de S. José da Bicuda, aí granjeando a simpatia dos fiéis. Uma das últimas capelas a que prestou assistência foi a de Santa Iria, em Murches; mas, na verdade, quando aí o vi – talvez há uns quatro anos atrás – já se encontrava bastante debilitado, quer por grandes dificuldades de visão quer por sofrer da doença de Parkinson.
Não era pessoa que procurasse sobressair. Dava serenamente as suas aulas; exerceu, por diversas vezes e com extremo rigor, as funções de administrador da escola; preparava com cuidado as homilias, deixando transparecer, de modo particular, a imagem de quem procura, no dia-a-dia, cumprir a missão que escolheu.
No «In memoriam» que o Padre David Bernardo sobre ele redigiu no citado boletim, transcreve-se da pequena autobiografia que deixou («Uma vida terrena focada sobre a Eternidade») esta passagem elucidativa:
«Aos 28 anos fui ordenado sacerdote, no Estoril, com um fito […] os pobres, sobretudo jovens, com uma meta… anunciar a esperança. Adoptei, como símbolo vivencial, uma vela verde que me tem sempre acompanhado».
Foi sua prioridade «aliviar a dor física e a fome». A dor física teve-a ele próprio nos últimos tempos da sua vida; zelar pelos mais necessitados dentro do espírito do fundador dos Salesianos, S. João Bosco, norteou-o sempre também.
Dele nos fica, pois, para além da saudade, o exemplo. Que descanse em paz!
Publicado no Jornal de Cascais, nº 237, 05-10-2010, p. 4.
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