Já lá vai, felizmente, o tempo em que à palavra «património» se ligava, de imediato, a ideia de grande monumento: palácio, castelo, igreja… Hoje, releva-se também o património imaterial, consubstanciado em crenças e costumes, nas danças e cantares, nos singelos mesteres quotidianos… Também isso constitui, afinal, um saber-fazer acumulado geração após geração, fermento duma identidade que se preza e valoriza.
Bem andam, pois, as câmaras municipais e até as freguesias quando, sozinhas ou em colaboração com associações de defesa do património, metem ombros, por exemplo, a publicações que consignam por escrito tais saberes e, dessa forma, lhes perpetuam a existência.
Nesse âmbito têm também as universidades uma palavra a dizer, porquanto a nível de trabalhos práticos de 2º ciclo podem aliciar os estudantes a olharem mais de perto para a realidade circundante. Dois exemplos beirãos são susceptíveis de o ilustrar:
– Filipa Gouveia, do Museu de Terras de Besteiros (Tondela), fez reviver as tradições de Múzares, aldeia perdida na paisagem: Múzares… Crepúsculo de Vidas e Memórias – Patrimónios a Preservar é livro editado pela Câmara, em 2010.
– João Orlindo Marques passou em revista o ciclo anual das gentes da aldeia da Barriosa (freguesia de Vide, concelho de Seia), sita na transição entre as serras da Estrela e do Açor, no livro Esta Vida é uma Cantiga! (Ocasos do viver numa aldeia serrana), Apenas Livros, Lisboa, 2010, que teve o patrocínio de entidades locais.
Publicado no quinzenário Renascimento [Mangualde], nº 579, 15-10-2011, p. 13.
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