De um lado, encostas afora, o eco do
choro pelos sobreirais queimados, perdidos para sempre – como se diz que o são
as almas penadas no Além; do outro, um grito não menos lancinante, escrito com
sangue mas com esperança: vamos renascer das cinzas e a tradicional Feira da
Serra será mui excelente pretexto para tal!
Parece profética a escolha do tema:
o chapéu! Chapéu para aconchegar a cabeça, para a alindar e mostrar a personalidade
de quem o usa... E brincou-se com o concurso de chapéus, tendo bem no íntimo a
certeza de que um haveria, universal e irremediavelmente recusado: aquele,
sinistro, negro, safado, que bem quadrava na cabeça de quem esteve na raiz do
crime. Essa cabeça, ficou desde logo claro, dificilmente se encontraria. E o
relatório elaborado por comissão de peritos (!) tudo contou (garantem…) tintim
por tintim: como começou, como se combateu, como não se combateu, quantos
homens, quantas viaturas, quantas casas, quantos hectares… Sim: quantos,
quantos… No fumo intenso, porém, desapareceu a mão traiçoeira, o gesto
sacrílego, o remorso inexistente…
Todavia, houve um convite em cortiça
que ficou: convite para a Feira e, sobretudo, convite para «Renascer das
Cinzas»! Tem de ser!
[Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 190, 20 de Setembro
de 2012, p. 15].
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