O túnel entupiu!
Passava da uma e meia da tarde de domingo, 9. O túnel de saída da praia do Tamariz entupiu, decerto pela primeira vez, com a multidão que ali se deslocara para o festival aéreo. Há, a meio, o estrangulamento da rampa que obriga a passar quase um a um.
Vinham as gentes de um entretenimento e não exigia pressa a saída. E se exigisse? Se por algum motivo o pânico se instalasse?
Bom teste foi para que as entidades repensem seriamente a situação.
Festival aéreo
Deram seguramente por bem empregado o tempo que passaram no paredão superlotado. Sinal de que é iniciativa que agrada, pelo que representa de arrojo, risco, novidade e aventura. Sinal também de que nossas debilitadas bolsas já não têm força para demandar outras paragens.
Mais de duas horas agradáveis, ainda que alguns compassos de espera hajam sido mais compridos do que seria desejável. E, por outro lado, com a moderna tecnologia, os custos não se teriam agravado assim tanto se a instalação sonora (suponho que a terá havido, pois fiquei junto da Piscina do Tamariz e nada ouvi) se tivesse alargado um pouco mais, para mais gente poder usufruir da explicação técnica acerca das acrobacias programadas e seus agentes. A distribuição de singelos panfletos pelos circunstantes, com o programa, também teria sido bem apreciada.
Exposições
Terminou, no dia 17, a exposição de fotografias, da autoria de Bert Stern, a última sessão de Marilyn Monroe. Cativante evocação de uma beldade mítica. Difícil saber que mais admirar: se as formas esculturais do modelo, se a Arte do genial fotógrafo. Uma exposição que foi sucesso de visitas (mais de 30 000!).
Noutro piso desse mesmo Centro Cultural de Cascais, também por iniciativa da Fundação D. Luís I, uma instalação sobre as Cartas de Amor e Saudade de Manuel Botelho, até 28 de Agosto, ditas numa sala intimista. Somos convidados a sentarmo-nos em vetustas cadeiras desalinhadas, diante de uma espécie de oratório profano. Enleiam-nos apaixonadas palavras de amor ditas por Inês Lapa Lopes e Francisco Martins. Na sala contígua, toda a parede frustemente revestida por oleados de campanha, a camuflá-la (diríamos!); no chão, empilhadas a trouxe-mouxe, caixas de munições… Ambiente minimalista a evocar sabiamente a dramática frieza da guerra colonial, cenário donde as missivas partiram.
Na galeria do Casino Estoril, até dia 26, o XXIV Salão da Primavera. Procura ser ainda o resultado da escolha de um júri, como nasceu na Junta de Turismo da Costa do Sol na década de 60 e que premiava, de modo especial, os mais novos (nesta edição foram atribuídas onze menções honrosas a jovens artistas). Lima de Carvalho agarrou na ideia, depois de a Junta se ter alheado do turismo cultural (coitada!...) e nos salões de agora nomes consagrados ombreiam com revelações recentes. Iniciativa de aplaudir, pela perseverança, pela oportunidade que dá de comungarmos beleza em variadíssimas facetas e estilos.
Orçamento participativo
A exemplo do que noutras autarquias de há uns anos a esta parte se está a fazer, a Câmara Municipal de Cascais deliberou auscultar os munícipes e procurar fazê-los participantes das decisões a tomar, nomeadamente apresentando e colhendo propostas de actividades. Sair dos gabinetes e sentir no terreno o pulsar das populações é sempre gratificante.
Melhor seria se também os técnicos camarários fossem induzidos a seguir o exemplo do Executivo e, de quando em vez, tivessem o hábito de… vir para a rua e verem as ‘coisas’ com os seus próprios olhos. Alguns tenho a certeza que até aproveitam passeios de fim-de-semana para esse efeito; outros, porém, como aqueles que tratam das placas toponímicas, preferem (ao que parece…) o conchego do gabinete. Talvez a polícia municipal – como anda por aí – lhes pudesse dar uma ajudinha.
Um dia, dá-me na veneta e fotografo, por exemplo, todas as placas DESVIO esquecidas pelos concessionários de obras depois de elas estarem integralmente terminadas…
Publicado em Jornal de Cascais, nº 276, 20-07-2011, p. 6.
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