terça-feira, 26 de outubro de 2010

Três factos, três reflexões

O salvamento dos 33 mineiros soterrados no Chile, numa mina, a 700 metros de profundidade merece, na verdade, muita reflexão e não duvido de que, para além do que já se viu e soube, o tema poderá ser eficazmente aproveitado para dissertações de mestrado e doutoramento em diversos domínios: a Psicologia (individual e colectiva), a Religião, a Terapia Ocupacional… eu sei lá!
Uma vitória da técnica e da tecnologia, sem dúvida; mas, fundamentalmente, uma vitória de 33 homens que, numa situação de bem corajosa luta pela sobrevivência, souberam ser pessoas no verdadeiro sentido da palavra. E, hoje, quando sentimos na pele, a todo o instante, que não somos tratados como pessoas, como seres humanos, mas sim apenas como números para as estatísticas, para essa estupenda invenção que são os rankings (e até se usa um barbarismo para se não perceber o que é…), essa foi a mais extraordinária lição. Poder de organização, sangue-frio, espírito de sacrifício, grande capacidade de entreajuda… constituíram, entre muitos outros, os trunfos de uma operação feliz!
A nível local, dois outros acontecimentos me merecem também comentário.
O primeiro, a realização, em Cascais, de um encontro, promovido pela Associação Portuguesa de Museologia, de pessoas ligadas aos museus das autarquias. Uma reflexão conjunta, uma partilha de experiências, com vista a gizarem-se estratégias duradouras, eficazes. Em tempo de vacas bem magras, regozijámo-nos com iniciativas originais e de bom efeito, realizadas de norte a sul do País – e a Câmara de Cascais, pela boca do seu presidente, que participou na sessão de encerramento, manifestou o seu regozijo não só pelo reconhecimento generalizado do bom trabalho aqui levado a efeito nesse domínio da Museologia, mas também pelas novas perspectivas que se abrem. Aliás, três factos (disse) reputa ímpares no seu mandato: a abertura do hospital e dos três centros de saúde; a possibilidade de salvaguarda e aproveitamento da Cidadela; e a política museológica (sobretudo, a abertura do Museu dos Faróis e da Casa das Histórias de Paula Rego).
Segundo facto: no âmbito das comemorações do centenário da eleição da 1ª Junta de Freguesia civil de Cascais, houve por bem o seu presidente facultar uma visita à obra, em fase de conclusão, da nova creche da Pampilheira. Sita ao pé do Centro de Dia (o tal imprescindível reencontro de gerações…), quando, no extremo sul do bairro, se procedeu à demolição das primeiras casas de vetusto e emblemático Bairro Operário, este equipamento – e o mais que se lhe poderá juntar – redime, de certo modo, o pecado de as entidades públicas cascalenses nunca se terem preocupado em dar seguimento ao que a benemerência do Conde de Monte Real visionariamente sonhara para todo aquele terreno. E uma creche estava também, de facto, nas suas intenções.
Publicado em Jornal de Cascais, nº 239, 19-10-2010, p. 10.

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