domingo, 29 de junho de 2014

25 anos da Legião da Boa Vontade

            Sabemos quantas instituições operam hoje por esse país, a tentarem superar as dificuldades cada vez maiores não apenas dos chamados ‘mais necessitados’, mas sobretudo, ouso dizê-lo, da anterior ‘classe média’, esvaziada de meios para subsistir, porque tudo se desmoronou muito de repente, sem pré-aviso: o desemprego, o drástico abaixamento dos montantes de pensões de reforma, sustentáculo dos anciãos e, através deles, dos mais novos a quem a perspectiva de vida está a ser negada…
            O Centro Social da Legião da Boa Vontade é uma dessas instituições particulares de solidariedade social, sem fins lucrativos, educacional e cultural. Presente em Portugal há já 25 anos, actua nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra e propôs-se realizar os seguintes programas socioeducacionais, que visam não só minorar algumas carências imediatas no que respeita a bens essenciais, como também fomentar, através da formação, valores tão importantes como a solidariedade, a educação, a cultura e cidadania:
·  Programa Sorriso Feliz – Propagar a adopção de uma rotina diária de saúde oral.
·  Programa Ronda da Caridade – Trabalho itinerante de apoio ao sem-abrigo.
·  Programa Viva Mais! – Promoção de qualidade de vida activa na terceira idade.
·  Programa Semente da Boa Vontade – Apoio à criança e ao adolescente, prestando apoio pedagógico, afectivo e alimentar.
·  Programa Cidadão Bebé Apoio a futuras mães, gestantes e seus bebés até um ano de idade.
·  Programa Um Passo em Frente – Destinado a núcleos familiares carenciados com elevado número de crianças e famílias monoparentais, distribuindo 100 cabazes, mensalmente.
            Às famílias que se encontram em situação de extrema carência, atendidas no Programa Um Passo em Frente, e também aos idosos, utentes no âmbito do Programa Viva Mais, são periodicamente entregues cabazes alimentares. O custo com cada família, consubstanciado na entrega do cabaz de bens alimentares essenciais, é estimado em 50,00 € (cinquenta euros).
            Como todas as instituições congéneres, o Centro Social da Legião da Boa Vontade vive da solidariedade. O atendimento ao colaborador é feito através do telefone 217 931 113 e os contactos também podem concretizar-se através do e-mail: lbveuropa@lbv.pt.
            Na página www.lbv.pt se encontrará informação complementar de interesse para quem deseje saber mais ou, de modo especial, para quem se disponibilize a integrar o rol dos participantes nesta obra de bem-fazer.

Publicado em Cyberjornal, edição de 28-06-2014:

sábado, 28 de junho de 2014

Continua a revolucionar!

            Na sua 51.ª edição, saída pelo Natal, dedicada à poesia, a revista Egoísta, editada pela Estoril-Sol, o seu director, Mário Assis Ferreira, punha a tónica na «ressurreição». Creio que por, afinal, a sua denodada luta em prol do enorme gesto de Cultura que a revista representa ter logrado convencer quem de direito que a publicação granjeara a liberdade de existir. Ficara suspensa, à espera de dias melhores, e o Natal foi bom pretexto para reaparecer, com um tema adequado: haverá melhor inspiração poética que a quadra natalícia?
Design foi premiado
            E se bem pensada foi, melhor foi ainda a recompensa, pois que, soube-se em Abril, arrecadou mais um galardão: o Grande Prémio Papies de Design.
            Para se compreender o significado da distinção, há que referir o que é. Todos os anos, a Pixelpower, editora da revista doPAPEL, sediada em Santo António dos Cavaleiros, lança o concurso Papies, destinado a premiar publicações em 23 categorias: 8 na categoria ‘Produtos’ (revistas, livros, jornais nacionais…); 10 na categoria suportes e tecnologias; e 5 distinções: ambiente, design, inovação gráfica, empresa gráfica do ano e personalidade gráfica do ano. O concurso deste ano (Papies 2014) galardoaria publicações vindas a lume entre 1 de Abril de 2013 e 30 de Março de 2014.
            A Egoísta arrebatou, pois, o Grande Prémio na categoria design, que partilhou com a ‘Expresso Revista’, da Impresa Publishing, impressa pela Lisgráfica. Salientou-se, por conseguinte, o excelente trabalho levado a efeito pelo Atelier 004 / Estoril Sol, bem coadjuvado pela excelência da impressão, da responsabilidade da Norprint.
            Aos que estamos habituados a serenamente compulsar a revista, o prémio – o 63º já arrecadado pela revista, até hoje, atribuídos tanto por entidades portuguesas como por estrangeiras – não surpreende, porque… cada edição nos deixa sempre perplexos pela enorme originalidade da sua concepção. Falamos do aspecto gráfico – que sobre o conteúdo, sempre da responsabilidade de vultos grandes da Cultura portuguesa, não há um senão a apontar.

A revolução de Abril
            Esta 52ª edição, datada de Abril de 2014, quis associar-se, naturalmente, às comemorações dos 40 anos do 25 de Abril. E o tema é, por conseguinte, como se disse, “Revolucionar”.
            Primeiro, dir-se-á que a capa está, à partida, «integralmente fechada, sendo necessário rasgá-la para explorar o seu interior». Revolucionar, sim, mas devagar, que uma revolução como deve ser tem de ostentar conta, peso e medida!...
            Confessa Assis Ferreira, no editorial, que ora, passados estes 40 anos, é capaz de já não se saber exactamente o que foi: se «uma Revolução, um Golpe de Estado, ou uma Insurreição Militar. Nem sei se, tão apenas, foi um regime moribundo, exausto de si próprio, em expiação de cair à simples visão de uma “Chaimite”…». E, depois de sublinhar que «pouco importa essa catalogação», porque «na História sempre existem três leituras para cada episódio relevante: quando acontece, quando é escrito e quando são compreendidas as suas consequências», agora, que já vamos compreendendo as consequências – as que queríamos e as (outras muitas!) jamais desejadas!... ‒ «é tempo de agradecer esse sopro de Liberdade que, de início, nos embriagou, mas que o tempo soube sazonar em maturidade responsável», conclui. E há que concordar.
            Mais um número, por conseguinte, para guardar «na prateleira», assim sempre à mão de semear para, de quando em quando, nos deleitarmos com os textos e as imagens.
            Desta feita, temos, mais ou menos, os nomes que é costume pontificarem nas páginas da revista, pois ao primor da escrita aliam o rigor e a profundidade da reflexão. Entre outros: a Lídia Jorge (do consagrado O Dia dos Prodígios, não esqueçamos!), o Manuel Alegre (que, num dos poemas, grita «contra as palavras que não são de aqui», abençoado, oxalá ele consiga que a sua luta tenha êxito!...), a Teolinda Gersão (com um excerto de «Paisagem com mulher e mar ao fundo»), o João Tordo (que acaba por confessar que se deu conta de que, sozinho, não é feliz nem é livre)…
            E há a reflexiva entrevista concedida por Eduardo Lourenço a Ana Sousa Dias, com o título «Liberdade é uma luta sem fim» e onde, a dado passo, se proclama que «liberdade sem preço não é liberdade». E as soberbas fotografias de Alfredo Cunha, explicadas nos ‘bastidores’ de um Abril de há 40 anos atrás – que, apesar de tudo, temos orgulho em recordar. E esta edição da Egoísta colabora eficazmente nessa evocação.

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 51, 25-06-2014, p. 6.

 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

“Mare Nostrum” na Galeria de Arte do Casino Estoril

            Cascais vive do mar. Não que a sua população seja maioritariamente piscatória – nunca o foi! – mas porque o mar abraça a sua paisagem e, como escreveu Frei Nicolau de Oliveira em 1620, são as brisas que sopram do oceano que lhe aquecem invernos e lhe amenizam a quentura dos verões.
            Natural era, pois, que, no âmbito das comemorações dos 650 anos da elevação de Cascais a vila, uma exposição de arte – pintura, escultura, fotografia… – mostrasse como, afinal, também o mar era boa fonte de inspiração.
            E a exposição aí está, sob o nome de “Mare Nostrum”, «o nosso mar», este que faz parte das nossas vidas.
            Foi inaugurada na quinta-feira, 19 de Junho, na Galeria de Arte do Casino Estoril. E dela fazem parte trabalhos de trinta artistas que habitualmente ali expõem ou expuseram. Citemos alguns: Nadir Afonso (a recordar os magníficos azulejos com que se adornou a passagem subterrânea do Parque Palmela para o paredão); António Joaquim, que, em dia de inspiração, pintou «uma excepcional Baía de Cascais»; Paulo Ossião e as suas aguarelas de transparente azul, a mostrar como não há uma costa assim em parte nenhuma do mundo; Nélio Saltão, em pintura ‘azulejada’ do azul do mar, painel de múltiplas tonalidades; Manuel Ai Quintas desfraldou velas no mar do Guincho; e aprecia-se aquele fabuloso «Mar de espuma» de Gustavo Fernandes; e os tons acastanhados, em aguarela, de João Feijó (bem sugestiva a sua Praia do Guincho!...).
            Uma mostra a visitar até 23 de Julho.
            Patente todos os dias, das 15 às 24 horas.

Publicado em Cyberjornal, edição de 23-06-2014:

António Sala apadrinhou loja social

             António Sala apadrinhou a loja social «Dar a Mão» inaugurada no começo da tarde de sábado, 21 de Junho, em Outeiro de Polima, no edifício multiusos pertença da Junta de Freguesia de S. Domingos de Rana (Cascais).
            A cerimónia contou com a presença de meia centena de fregueses, boa parte deles em representação de colectividades e associações locais.
            Disse-se, em primeiro lugar, dos objectivos da loja: ir ao encontro dos mais necessitados, quer possibilitando a aquisição de vestuário e utensílios domésticos e mesmo mobiliário a mui baixo custo, resultantes das ofertas de particulares e de empresas. A loja vai incluir também um cabeleireiro e uma lavandaria, por exemplo, uma vez que – salientou a presidente da Junta, Profª Maria Fernanda Gonçalves, no seu discurso – se tem verificado cada vez mais que, com a perda de emprego mormente na classe média e com o findar do subsídio de desemprego, se registam crescentes dificuldades dos fregueses em pagar, além do mais, a água e a electricidade. Assim, quem estiver em condições para o efeito – mediante inscrição na Junta e após inquérito concretizado pelas assistentes sociais – poderá usufruir, desta sorte, de melhores condições de sobrevivência. O apelo da presidente foi, pois, no sentido de quem tem algo de que já não precisa mas se encontra ainda em boas condições para vir a ser utilizado por outrem se disponibilize para o entregar na loja.
            Antes da presidente, deu António Sala o seu testemunho. Residente na freguesia há perto de 30 anos, falou de como se sentia bem no clima gerado entre a população das mais variadas origens, que o tratavam (sublinhou) não pelo nome mas por ‘vizinho’, o que bem denota o espírito de comunidade que por ali se sente e que importa manter. Manifestou o seu apreço por ter sido convidado para apadrinhar obra de tão elevado alcance e deu de imediato o exemplo: «Minha sogra morreu há dois meses; a televisão que tinha no quarto e que está em excelentes condições já não faz falta e ficará muito bem aqui, ao lado destas».
            A Loja Social «Dar a Mão» contou com o apoio específico da Associação de Beneficência Manancial de Águas Vivas; e o Rotary Clube de Sintra fez questão em aproveitar o ensejo para oferecer uma cadeira de rodas, resultante da campanha de angariação de tampinhas que está a levar a efeito. Aliás, na freguesia está precisamente em curso – aproveita-se o ensejo para o referir e sugerir, nesse sentido, a visita à página da Junta (www.jf-sdrana.pt/) – uma campanha de angariação de tampinhas de plástico a favor da Miriam, menina que esteve presente na inauguração e que corre sério risco de lhe vir a ser amputada uma perna.
            Desta forma está a Junta de Freguesia de S. Domingos de Rana a rendibilizar em prol da comunidade um edifício que lhe foi entregue há anos e que alberga também, por exemplo, o Espaço Museológico Ilídio Carapeto, onde se mostra a notável colecção de réplicas de embarcações mui habilmente feitas por Mestre Carapeto, espaço que celebrou a 16 de Maio, p. p., o seu primeiro aniversário.
            Congratulamo-nos.
 
            Publicado em Cyberjornal, edição de 22-06-2014:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=625:antonio-sala-apadrinhou-loja-social&catid=89&Itemid=85 
 


Evocação da arqueóloga Helena Frade (02-08-1957 / 20-06-2014)

            Causou a natural consternação o súbito desaparecimento de Mestre Helena Frade, que fora, até há poucos meses, arqueóloga da Direcção Regional de Cultura do Centro, tendo-se aposentado devido às perturbações, ao nível cardiovascular, de que há vários anos padecia.
            Maria Helena Simões Frade nasceu em Lavacolhos, Fundão, para onde se realizou o seu funeral, no final da tarde de sábado, dia 21. Licenciou-se em História, na variante de Arqueologia, em 1979, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e nessa mesma escola defendeu, em 2002, a tese de mestrado em Arqueologia Romana, intitulada Centum Celas: uma villa romana na Cova da Beira (disponível em http://hdl.handle.net/10316/9773), que preparara sob orientação do Professor Jorge de Alarcão.
            Começou a sua vida profissional no ano lectivo de 1979/1980, como docente dos ensinos básico e secundário, em escolas de Vila de Rei, Crato e Anadia, ingressando, em 1983, para o Serviço Regional de Arqueologia da Zona Centro, funções em que se manteve, nos diversos organismos que se sucederam a esta estrutura regional da Secretaria de Estado da Cultura.
            Fora casada com José Carlos Caetano, também ele precocemente arrebatado do nosso convívio, e com o qual trabalhara, por exemplo, na Lage do Ouro (Crato), necrópole romana cuja meticulosa escavação muito contribuiu para o conhecimento das práticas funerárias na Lusitânia (veja-se, a título de exemplo, a comunicação «Ritos funerários romanos no Nordeste Alentejano» feita ao 2º Congresso Peninsular de História Antiga. Actas (Coimbra, 18-20 de Outubro de 1990), Coimbra, 1993, p. 847-872).
            O nome de Helena Frade fica indelevelmente ligado a sítios arqueológicos onde a sua acção foi deveras marcante: as termas de S. Pedro do Sul, o anfiteatro de Bobadela, em Oliveira do Hospital («A arquitectura do anfiteatro romano de Bobadela», Colóquio Internacional ‘El Anfiteatro en la Hispania Romana’ (Mérida 1992), Mérida, 1994 349-371), Almofala («A Torre de Almofala», Actas das IV Jornadas Arqueológicas da Associação dos Arqueólogos Portugueses (Lisboa 1990), Lisboa 1991, 353-360) e Centum Celas («A torre de Centum Cellas (Belmonte): uma villa romana», Conimbriga 32/33 1993-1994 87-106).
            Integrou também, de 1980 a 1983, a equipa luso-francesa de arqueólogos que escavou a villa romana de S. Cucufate.
            A experiência assim adquirida levou-a, pois, a interessar-se de modo especial pelos ritos funerários romanos e pela problemática das termas, tendo nesse âmbito preparado (e publicado) comunicações em reuniões científicas nacionais e internacionais e artigos, porque foi seu timbre dar a conhecer o que lograra investigar, por exemplo na Informação Arqueológica, enquanto esse oportuno órgão existiu. Por isso foi convidada a participar com textos de síntese acerca dessas temáticas no II volume (O Mundo Luso-Romano) da História de Portugal publicada, em 1993, por Ediclube (p. 331-340, sobre os ritos, e 350-355, sobre as termas).
            Helena Frade pautou o seu modo de estar na vida – nomeadamente na profissional – pelo rigor, pela frontalidade, pela vontade de contribuir para a melhoria das pessoas e das instituições. Nem sempre terá sido compreendida, sabemo-lo os que de perto a acompanhámos; mas sabemos quanto era lídima a sua intenção. A saúde não a ajudou; a morte prematura de seu grande companheiro de lide, a 25-01-2006, determinou muito a sua atitude. Fica-nos, pois, a saudade de uma lutadora por ideais; de uma Amiga; de uma arqueóloga competente e cumpridora.
            Que Deus lhe dê o eterno repouso!

Publicado em Cyberjornal, edição de 22-06-2014:

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Ajudar a «dar a volta por cima»!

            Acabo de fazer uma diligência a ver se consigo que uma carta chegue ao conhecimento de um senhor presidente de Câmara e não se perca pelo caminho, a fim de que um processo não emperre e prossiga sem mais incidentes. Trata-se de projecto na área do turismo que, tendo sido classificado entre os três primeiros (num conjunto de mais de 120 candidaturas!), corre agora o risco de parar e de, inclusive, se ir fazer a outro lado, porque os fiscais camarários, interpretando a lei à sua maneira, exigem que, para uma vedação provisória, destinada simplesmente a delimitar o estaleiro, seja apresentado… projecto de arquitectura!
            Leio num jornal do Algarve:
            «O Governo vai aumentar a área de exploração para aquacultura. Existem já 13 projectos para o Algarve, que representam cerca de 18 milhões de euros. Mexilhão e ostra dominam investimentos no Algarve. Foram apresentados 83 projectos no valor de 29 milhões de euros. As áreas disponíveis estão na ilha de Armona, Vila Real de S. António e ainda no Oeste».
            E penso de mim para comigo: sim, os projectos existem e são apresentados; dinheiro para os financiar também há; mas… e a disponibilidade para os aprovar? Ou, falando claro: quanto se tem de fazer passar por baixo da mesa, para que venham a ser solicitamente aprovados esses projectos, os tais que até vão criar postos de trabalho e gerar riqueza e fixar as pessoas, impedindo que saiam para o estrangeiro?...
            Apela-se para o dinamismo da população em geral e dos jovens em particular. Quantas microempresas não têm sido criadas nos últimos tempos, dado que se facilitou imenso a sua criação? Contudo, ajudar a criar não basta! Urge não lhes pôr na frente empecilhos escusados! Urge também, em relação à legislação em vigor, que se saiba «dar a volta por cima» e não criar barreiras!
            Um bom filão, esse, o da aquacultura. Terá havido, no entanto, o necessário acompanhamento da legislação para que a concretização dos projectos seja agilizada e para que os eventuais investidores estrangeiros vejam que, de facto, vale a pena investir aqui?
            ‒ Sabe: não pode ser dessa cor. É proibida vedação em lilás. Deite abaixo, ponha amarelo, senão é multado, são cinco mil euros, e não pode continuar a laborar!
            Haja Deus!

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 641, 15-06-2014, p. 12.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Notas positivas e notas negativas no dia 7

             Não houve morteiros de alvorada nem fogo-de-artifício no final: e esta é a primeira nota positiva.
            Segunda, a celebração de missa na Capela de Nossa Senhora da Vitória, sita na Cidadela. Anunciou-se como ‘evocativa’ do 650º aniversário da elevação de Cascais a vila; eu teria preferido que se designasse «de acção de graças», mas considero que o local foi bem escolhido, por todo o simbolismo que representa: é seu orago a Senhora da Vitória e nós queremos continuar vitoriosos; aí esteve durante décadas a imagem de Santo António que acompanhou o Regimento 19 na batalha do Buçaco.
            Terceira nota positiva: a visita à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz guiada pela Dra. Margarida Ramalho, que muito tem trabalhado na valorização do espaço, agora com outros atractivos. Recorde-se que o Município, em colaboração com a Associação Cultural de Cascais, procedeu à sua primeira abertura ao público no último trimestre de 1989, por ocasião da grande exposição polinucleada «Um olhar sobre Cascais através do seu património», aí tendo ficado exposto o núcleo «Cascais na época dos Descobrimentos». De bom augúrio, pois, esta reabertura, se prenúncio for de um maior interesse pelo património arqueológico concelhio.
            «Muraliza» – de ornar paredes com murais – foi outro dos projectos iniciado. Reúne seis intervenções, no centro da vila, com vista à criação de um Circuito de Arte Mural: murais de grande e média dimensão, tendo Cascais por tema. Mário Belém, Nomen, Arraiano, Exas, Youth One e Add Fuel – os artistas que darão corpo à iniciativa.

Museu do Mar
            De tarde, no Museu do Mar, após a entrega de prémios do concurso de Banda Desenhada em que participaram alunos das escolas do concelho, inaugurou-se a exposição Memórias Vividas, que mostra o percurso do local, desde que serviu de parada (daí o nome por que foi conhecido durante muitos anos e ainda é), até sede do Sporting Club de Cascaes, frequentado por el-rei D. Carlos e pela nobreza e burguesia e até ser o que hoje é. Há catálogo.
            Saliente-se o cuidado que houve em, através de uma espécie de óculos náuticos, se poderem ‘espreitar’ dois dos diaporamas que constituíram o que de mais inovador se fez no primeiro Museu do Mar.
            Foi aproveitado o ensejo para mostrar aos participantes a riqueza que, na verdade, o museu alberga; sem dúvida, um dos mais paradigmáticos museus do concelho, pela grande ligação ao mar e às suas gentes.

Salão nobre
            Solene, a cerimónia seguinte, no salão nobre dos Paços do Concelho. E teve razão o presidente ao afirmar que a cerimónia não podia ter outro cenário.
            Primeiro, o lançamento de postal comemorativo. Tem vista da baía tirada do cimo do Parque Palmela aí pelos anos 50, sem paredão, o jardim arborizado do palacete Palmela e selo de taxa paga com o brasão da vila. Explicou o significado do que é o «postal comemorativo» Francisco de Lacerda, Presidente & CEO da empresa CTT, ou seja, o seu Chief Executive Officer, a sua maior autoridade na hierarquia operacional.
            Seguidamente, em discurso muito bem estruturado, João Miguel Henriques, responsável pelo Arquivo Municipal, explicou o conteúdo da magnífica obra que, no final, foi oferecida aos presentes, na versão em papel, mas que está doravante disponível também em versão digital. Tem por título 1364-2014. Cascais Território . História . Memória. 650 anos. 227 páginas que valem quanto pesam!
            Encerrou a sessão o Sr. Presidente da Câmara, a acentuar as características identitárias cascalenses.

Teatro de Rua e concerto
            Era aí pelas 19 horas quando chegaram, engalanados, os cavalos da GNR, em guarda de honra ao jipe que trazia el-rei D. Pedro I. E vieram os cães amestrados. Atractivas demonstrações. E veio o bobo, que faria de elo de ligação entre as partes. E vieram os ranchos, em princípio para mostrar trajos e danças – mas foi mais uma espécie de festival de folclore, longo de mais, repetitivo, desnecessário, enfadonho. Nota muito negativa.
            Brilharam os alunos da Escola de Dança de Ana Mangericão e os estudantes da Escola Profissional de Teatro de Cascais, embora os espectadores, cansados de tanto ‘tacão e bico’, tenham acabado por não conseguir apreciar, como conviria, o drama de Pedro e Inês e a outorga da carta de vila – que era, afinal, aquilo para que se estava ali. Parabéns a Carlos Avilez e seus colaboradores. Valerá a pena repetir o «auto», mas sem folclore!
            Quanto ao chamado «mega concerto», foi «mega» por ter muita gente no palco, mas… não faltarei decerto à verdade se afirmar que… de lá saímos pouco convencidos. O som não esteve bem; Ricardo Carriço dava umas explicações em voz pouco perceptível; cada artista apenas cantou um número de seu repertório (a incitar o público a cantar com ele, ‘parabéns, Cascais!’...), Ana Moura encantou-nos mais com o seu ‘Desfado’ quando ensaiou à tarde do que quando actuou. Parabéns são devidos ao maestro Nikolau Lalov por ter logrado acompanhar tanta gente!

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 48, 11-06-2014, p. 6.

 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O lagarto

            Vivíamos em comunhão com a bicharada. Lagartixas e osgas – pretexto para, com o subtil laço feito na ponta filiforme de uma erva assim como o trigo (mas cujo nome não sei), adestrarmos a nossa artimanha de peritos caçadores. Os lagartos e as cobras, esses, o destino era a morte à pedrada ou à vergastada com pau ou cana. E ainda me lembro daquela cobra de mais de um metro que meu pai levou morta para a pedreira – e foi petisco frito (tira-se um palmo da cabeça, um palmo do rabo…) para os trabalhadores, qual enguia, nesse final de jornada. Eu também comi!
            A vida urbana desgarrou-nos, durante quatro décadas, desses bichos quotidianos, que ora, afinal, reencontramos, quer porque começaram a ganhar, também eles, hábitos citadinos, quer porque nos reconvertemos nós ao campo.
            Assim, dei comigo, outro dia, a passar mui devagarinho junto da pedra sob a qual se refugiara lindo lagarto verde (agora, chamo-lhe «lindo» e até lhe aprecio a beleza do colorido!...); hesitei em voltar atrás, na estrada onde agonizava uma cobra que ousara atravessar e fora colhida; delicio-me a ver os melros roubarem-me os morangos silvestres do quintal e até guardamos as migalhas para espalhar por lá, para que rolas, felosas, fuinhos e melros as venham partilhar connosco…
            Compreendemos, alfim, que biodiversidade é conceito urgente a manter, num mundo que preconizamos mais habitável!

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 185, Junho de 2014, p. 10.

 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Fez cem anos o concelho de S. Brás de Alportel

            Era S. Brás a freguesia mais populosa do concelho de Faro e nela estava em franco progresso a rendível indústria da cortiça assim como, no âmbito político, a ideologia republicana, que tinha em João Rosa Beatriz um dos seus maiores paladinos.
            Não havia, pois, razão, até porque as suas gentes e o seu território ostentavam uma identidade muito própria, para se manter integrada num concelho cuja sede estava junto ao mar. Assim, após porfiados esforços e diligências, lograram João Rosa Beatriz e os seus companheiros que fosse aprovado e publicado em Diário do Governo, a 1 de Junho de 1914, o diploma que elevava a concelho a freguesia de São Brás, com a denominação de Alportel.
            Houve, pois, razão sobeja para que, no passado dia 1, se desse início a vasto programa de iniciativas que visam comemorar condignamente esse centenário.
            A jornada começou às 10 horas com a presença frente aos Paços do Concelho, para o solene içar das bandeiras, de todas as forças vivas são-brasenses. Perante elas e apareceu inesperadamente à janela «João Rosa Beatriz», a falar aos seus concidadãos e a incitá-los a manterem-se são-brasenses de corpo inteiro, fazendo jus à luta que lograra obter, há cem anos atrás, tão auspiciosa vitória.
            Seguiu-se vistoso cortejo, a que o variegado colorido dos estandartes e dos trajes típicos de cada entidade ali representada emprestou beleza singular. O destino era a Praça da República, espaço até ao momento sem outro préstimo que improvisado parque de estacionamento. Descerrou-se a placa – a enaltecer o republicanismo dos fundadores do concelho – e, mui organizadamente sentadas as várias representações que por completo encheram o espaço disponível, deu-se início à sessão solene.
            A medalha do centenário foi entregue às entidades que exercem a sua actividade no concelho nos mais diversos domínios. Intervieram, sempre numa tónica entusiasmada e de evocação do passado, de louvor ao presente e de esperança no futuro, o presidente da Assembleia Municipal, o Comissário das Comemorações, o Presidente da autarquia e o vice-presidente da Assembleia da República (Guilherme Silva). Foram, por fim, agraciadas com as insígnias municipais entidades e personalidades que se distinguiram em prol da comunidade.
            Dado ser também o Dia da Criança um dos jardins da vila, o Jardim Carrera Viegas, foi palco das mais diversas iniciativas para a pequenada.
            Às 17 horas, inaugurou-se, na Galeria Municipal, singela mas bem elucidativa exposição evocativa dos cem anos do concelho e, às 18 horas, cumpriu-se a tradição de ir ao cemitério depositar uma coroa de flores no jazigo do fundador do concelho.
            À noite, a Praça da República encheu-se de novo, agora para acolher o entusiástico concerto de Miguel Gameiro & Pólo Norte. Cantaram-se os parabéns, cortou-se o bolo – que foi servido a todos os presentes. Excepcional e invulgar fogo-de-artifício, obra também de uma tradicional empresa local, a Algarpirotecnia, a todos deliciou, a concluir.
            Sito bem no coração do Algarve, no Barrocal, entre a planície costeira e a Serra, ponto de passagem entre uma e outra desde mui recuadas eras, S. Brás de Alportel vive da cortiça, da doçaria, do cultivo de figueiras, oliveiras e alfarrobeiras, sendo abundante em água. Por ali passaram romanos; por ali fez os seus poemas o poeta árabe Ibn Ammar (1031-1086) e ali vendeu cautelas e disse quadras ao desafio António Aleixo (1899-1949); e derramou seu lirismo Bernardo de Passos (1876-1930)…
            Pode acrescentar-se que, em torno do seu Museu do Trajo Algarvio – na verdade, um museu regional no verdadeiro sentido da palavra – sito em vasta casa senhorial bem no centro da vila, gira e viceja toda uma vida cultural intensa, particularmente lançada para cimentar comunidade não apenas entre os são-brasenses por nascimento mas também – e de modo muito especial – entre os são-brasenses de adopção, ou seja, os membros das várias ‘colónias’ estrangeiras que escolheram a amenidade do clima e as belezas naturais de S. Brás para viver e delas plenamente usufruírem.
            E durante os 365 dias das comemorações maior será ainda esse interesse em manter o concelho entre aqueles em que mui serenamente apetece viver. Não terá sido, aliás, por mera coincidência que S. Brás de Alportel foi das primeiras vilas portuguesas a aderir ao movimento slow cities, criado em 1999 para congregar ‘cidades’ «ajustadas à escala humana, com os centros históricos preservados e os edifícios novos harmonizados», tendo «como objectivo a preservação das tradições locais e a promoção da qualidade de vida».
 
Publicado em Cyberjornal, edição de 05-06-2014:

 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Alportel – os caminhos das suas gentes

            Constitui para mim honra suprema poder usar da palavra nesta circunstância em que solenemente se celebram 100 anos da elevação de Alportel a concelho, categoria administrativa alcançada pela tenacidade de quantos souberam demonstrar que este território e as suas gentes detinham, de facto, identidade própria e queriam governar-se por si.
            Os ventos agrestes que sopram duma capital teimosamente voltada para o seu umbigo, alheia ao sentir do Povo, que por isso mesmo também lhe volta costas, pois se não reconhece no paradigma adoptado… esses ventos agrestes (dizia eu) vão contribuir para mais unir os são-brasenses em torno desta sua identidade.
            Portus, lugar de passagem, entrada e saída, em tempo de Romanos – e a Calçadinha aí está a demonstrá-lo, como outros microtopónimos são-brasenses; Isn Burtala, pátria de Ibn Ammâr, em tempo de Árabes – Alportel (nome que foi do concelho até não há muito tempo [no meu BI durante anos a freguesia era S. Brás, o concelho Alportel!...], se quiséssemos atribuir-lhe um gene, um ADN (como hoje se diz), quiçá não andemos longe da verdade se lhe apontarmos um carácter andarilho. Gosta da sua terra, sim; mas, assim plantado no fértil Barrocal, chama-o o mistério do que para lá da Serra estará; sedu-lo a aventura de se abalançar oceano afora – que daqui se vislumbra a ria, o Norte d’África (Marrocos!) está mesmo ali, os Açores com nossas gentes se povoaram e – porque não? – Brasis, Venezuelas, Canadá e mesmo os Estados Unidos… pareciam ao alcance duma remada!...
            Para essas bandas se partiu primeiro; depois, foi a aventura da Europa (França, Alemanha, Suíça…). E sempre o «para lá da Serra», a fim de se ensinar a experiência da cortiça – que estivera, aliás, na base do grito libertador. E uma outra experiência sábia, a de elegantemente esculpir o calcário, pela mão dos seus canteiros. Abalaram!
            Sair, partir trazia consigo, por necessidade, a ideia de acolher e ser bem acolhido. Por isso, o concelho de S. Brás de Alportel não atraiu só pela amenidade do clima e ímpar beleza da sua paisagem: desde mui cedo se notabilizou pela excelência do acolhimento! Parte significativa dos residentes pertence a comunidades estrangeiras que, ouso garanti-lo, se sentem já bem integradas na comunidade local, onde facilmente começaram a poder desenvolver as suas actividades. E se o acordeão foi mensageiro de melodia que ora mui oportunamente se reabilita – é a música, são as artes plásticas, é o gosto pelo património cultural que a todos nos congrega.
 
            ‒ Que vamos fazer nestes 365 dias de comemorações?
            Cimentar identidade!
 
            Que significa contribuir, por todos os meios, para revitalizar raízes –
  • as dos que nos escolheram como terra de adopção;
  • dos que continuam a optar por aqui viver (nascer, crescer, produzir…);
  • dos que, tendo partido, ora é chegada a hora de regressar e com eles trazerem netos e descendentes.
            Para que
  • os nossos montes sejam mais habitados;
  • as vetustas casas reabilitadas;
  • as terras voltem a dar pão;
  • alfarrobeiras, amendoeiras, figueiras, medronheiros, azinheiras melhor  nos possam oferecer, em fecundidade e abundância, seus apetitosos frutos;
  • e para que, pela Serra, não se plantem mais eucaliptos nem pastem desvairadas chamas, mas medre, cada vez mais, mui salutar e harmónica autóctone biodiversidade.
            Enfim, para que, em uníssono, todos possamos proclamar:
                                               É S. Brás o nosso lar!  
.................
Nota: Texto da intervenção que me foi dado fazer, no passado dia 1, na sessão solene comemorativa do 1º centenário da elevação de S. Brás de Alportel a concelho. Foi publicado em Noticias de S. Braz nº 211, 20-06-2014, p. 21.

Inscrições são motor de viagem

            Aguardamos que, a todo o momento, se possa anunciar a entrada na grelha da programação da RTP da série Escrito na Pedra, que, partindo de uma inscrição antiga, vai à descoberta de um monumento.
            Foram cinco os monumentos seleccionados:
            ‒ a sumptuosa villa romana de Milreu perto de Faro, que terá sido importante residência de rico magistrado da vizinha Ossonoba;
            ‒ as minas romanas de Vipasca (Aljustrel), de que temos duas placas de bronze com a legislação imperial relativa quer à exploração do minério quer à vida quotidiana (há regras para o concessionário dos banhos, para o sapateiro, para o barbeiro e até aí se diz que os professores ficam isentos de impostos!...);
            ‒ a cidade de Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), de que se conhecem amplas estruturas urbanas, como o forum e as grandes termas públicas;
            ‒ o castro de Monte Mozinho (Penafiel), seguramente um dos maiores castros proto-históricos portugueses, que também foi povoado pelos Romanos recém-chegados;
            ‒ finalmente, já em plena época medieval, o mosteiro de S. João de Tarouca, um monumento ao saber dos monges de Cister.
            Para além de pormenorizada visita ao monumento em si, onde a reconstituição tridimensional virtual – levada a cabo pelo engenho dos técnicos de computação gráfica da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, sob coordenação de Paulo Bernardes – não deixará de ser aliciante maior, acentue-se que, em torno de cada um dos sítios se geraram enormes ‘cumplicidades’, com a mais ampla colaboração local, pois que a realizadora do programa, Maria Júlia Fernandes, se não limitou a contar a história do castro, da villa ou da cidade, mas procurou integrá-la na vida das gentes de hoje e de outrora. Assim, se no Algarve, partimos de uma conversa a propósito de uma escrava e de uma senhora que morre aos 80 anos e nos demoramos, com um pescador, a admirar os peixes representados nos mosaicos policromos, em Aljustrel convivemos com os mineiros e seus cantares; em Tarouca, espraiamos o olhar pelos úberes vinhedos além e rejubilamos com a ‘descoberta’ recente das enormes potencialidades económicas da baga do sabugueiro…

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 640, 01-06-2014, p. 12.


Na prateleira 24 - As minhas prioridades

Obras
            Em curso, a apreciação do rol de obras propostas e aceites para virem a ser contempladas no bolo do próximo Orçamento Participativo, em Cascais.
            O que é que eu gostaria de ver lá incluído? Digo já, porque vivo na freguesia de Cascais, na zona de acesso à vila para quem vem da auto-estrada e, como se aproxima o período balnear, eu optaria por aquilo que, a meu ver, macula a imagem da vila:
            ‒ o desaparecimento das mui degradadas instalações da fábrica Pedro Pessoa, junto ao quartel dos bombeiros;
            ‒ uma solução airosa para o escoamento do trânsito no final da A5 para quem demanda a parte ocidental da freguesia; crê-se não ser difícil, porque bastaria (por exemplo) pôr dois sentidos num dos arruamentos a poente…
            ‒ resolver o processo da ex-futura esquadra amarela da PSP;
            ‒ demolir o monstro do Largo da Estação (bem desagradável cartão de visitas para quem chega de comboio);
            ‒ arranjar o Largo do Cobre, zona de passagem obrigatória para quem, vindo da 3ª circular, foge da rotunda de Birre, e local indigno nomeadamente para uma praça de táxis.

3ª circular
            As obras de beneficiação da 3ª circular prosseguem, agora já a bom ritmo. Resultam de proposta aprovada no Orçamento Participativo de 2013. Não se percebe lá muito bem a razão porque quiseram semáforos na entrada para Carrascal de Alvide. Não há assim tanto movimento de entrada na povoação e os semáforos vêm, certamente, provocar ainda mais engarrafamento em horas de ponta. Mas, como sói dizer-se, eles lá estudaram nos livros!... Livro, porém, é uma coisa; a realidade, outra!

Rotunda de Birre
            Mantendo-nos em questões de trânsito, que é onde se nos esvai boa parte do nosso orçamento familiar...
            Tiraram a «escultura» da rotunda de Birre. Como pode ler-se na pág. 127 do sempre útil livro, de Manuel Eugénio e Zé Ricardo Fialho, «Património Histórico na Freguesia de Cascais», de 2012, as pedras trabalhadas eram da autoria do escultor Paulo Neves, que lhes dera o título de «Triângulo no Meio da Circunferência»; estavam ali plantadas desde 26 de Agosto de 2000. Não sei para onde foram agora e suspeito que a razão da retirada se prende com a necessidade de haver maior visibilidade (uma das peças tem 2,20 metros de altura!) numa rotunda habitualmente deveras congestionada.
            Agora, em vez das esculturas, o arquitecto paisagista (digo eu que terá sido) optou pelo ajardinamento com plantas aromáticas autóctones (alecrim, alfazema…). Uma obra que, se calhar, acabou por demorar bastante mais do que o previsto, porque havia sempre trânsito denso, a impedir os operários de trabalharem sossegadamente e a ritmo de empreitada; parecia-me mesmo que estavam, de facto, a trabalhar… à jorna!

Casino Estoril
            Depois de um período em que deu a impressão de que os grandes eventos culturais e artísticos tinham abandonado o Salão Preto e Prata, há de novo a oportunidade de trazer à ribalta esta sala de mui nobre tradição.
            Assim, foi este ano antecipada para a noite de 14 de Maio a Grande Gala do Fado em honra de Carlos Zel, o fadista de Cascais precocemente arrebatado do nosso convívio. Foi a 13ª e – acompanhados por Ângelo Freira (à guitarra portuguesa), Pedro Marreiros (viola de fado) e André Moreira (viola baixo) – Ana Moura, Cuca Roseta, Mafalda Arnauth, Pedro Moutinho, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro e D. Vicente da Câmara mostraram, neste saudável entrecruzar de gerações, como também por estas bandas o Fado tem morada cabal.
            Mais perto de nós, segundo tive oportunidade de ver na colorida reportagem do nosso prezado local (a revista Sekreta nº 14, do passado dia 22 de Maio), a Sociedade Musical de Cascais aí realizou também a gala comemorativa do seu centenário. Com larga tradição de actividade, por exemplo no âmbito da música popular (banda, rancho coreográfico…) e do teatro (mormente de revista), a centenária colectividade aproveitou o ensejo para apresentar uma retrospectiva do que tem sido feito (apreciados os modelos escolhidos para as marchas populares doutros tempos!...) e – que se me permita a referência especial – homenageou Cirilo Bernardes, um dos vultos grandes da nossa música, como compositor, músico, maestro, ensaiador… Uma homenagem que me apraz salientar, numa altura em que os sentimentos da ‘gratidão’, do ‘reconhecimento’ parecem estar a esmorecer num quotidiano cinzento. O meu aplauso, portanto! Honra ao mérito!                               

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 47, 28-05-2014, p. 6.

 

 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Escola da Cidadela (Cascais) tem novo campo de jogos!

             Foi oficialmente inaugurado na quinta-feira, dia 29, pelas 10 horas, o campo de jogos exterior da Escola Secundária da Cidadela.
            Quis o Sr. Presidente da Câmara, que presidiu ao acto, que os alunos que mais perto dele estavam no momento descerrassem com ele a singela mas significativa placa evocativa da cerimónia.
            Acompanhou Carlos Carreiras o Presidente da Junta de Freguesia de Cascais e Estoril, Pedro Morais Soares, e ambos foram recebidos pelo Director do Agrupamento de Escolas da Cidadela, Prof. José João Gonçalves e pelo presidente do Conselho Geral Transitório, Prof. Luís Barbosa. Associaram-se ao acto docentes e alunos assim como alguns membros do Conselho Geral.
            Não houve discursos, apenas troca de impressões, a realçar o elevado interesse que detinha a requalificação de um espaço por que se esperava há anos. O Presidente, em conversa com os estudantes que o ajudaram a descerrar a placa, salientou que, doravante, também eles assumiram dessa forma a obrigação de zelarem pela boa manutenção desse equipamento. Disse-se ser intenção também colocar o campo, dentro de determinadas condições, ao serviço da comunidade, pois que, refira-se, coube à autarquia o respectivo financiamento.
            Antes de um breve beberete, houve ocasião de se visitar também um outro espaço, singelo mas oportunamente equipado como sala de estudo para os alunos do Secundário, salientando-se que a sua manutenção deles dependia quase em exclusivo, como forma de responsabilização.
            Solicitámos ao Prof. Luís Barbosa, na sua qualidade de responsável pela disciplina de Educação Física, um depoimento acerca da relevância que, em seu entender, este melhoramento representava para a Escola, ao que mui gentilmente nos respondeu (e agradecemos):
            «Pois esse espaço desportivo renovado foi o resultado de uma longa espera de vários anos, visando proporcionar melhores condições para a prática da disciplina de Educação Física.
            As instalações interiores – o Pavilhão Gimnodesportivo –  com bom índice de operacionalidade e eficácia eram descompensadas com uma instalação exterior de reduzidas condições, de piso desadequado (rega de alcatrão), não muito aconselhável para a prática de qualquer modalidade, assim como uma limitação na diversidade de conteúdos que normalmente são abordados na disciplina. Estava reduzida a duas balizas, por imposição legal, no material anteriormente existente: quando fomos auditados, a empresa considerou que as tabelas de basquetebol existentes não cumpriam as normas de segurança exigidas, pelo que foram desactivadas...
            Com esta recente remodelação, conseguiu-se, pois, transformar um espaço decadente num campo verdadeiramente polidesportivo (onde se pode praticar voleibol, andebol, basquetebol, futsal, râguebi, basebol, atletismo), dotado de um piso relvado sintético  com marcações e medidas oficiais – 40 x 20 metros – e uma vedação invejável.
            Este foi o primeiro passo para a realização do sonho ‘ancestral’, onde estavam previstos, para além deste melhoramento, a requalificação dos balneários e a montagem de instalação luminosa.
            Cabe aqui uma palavra de regozijo pela iniciativa da autarquia, uma vez que a tutela, neste aspecto, se tem colocado num posicionamento cada vez mais distante.»
            É, pois, hora de nos congratularmos!

Publicado em Cyberjornal, edição de 31-05-2014:
 
                                                                   Fotos de Luís Bento e de J. d'E.