Não
creio.
Simboliza,
para além do mais, a presença do poder autárquico e constitui a prova do que amiúde
se proclamava mas nunca deveras se sentira: são os executivos das câmaras municipais
e das juntas de freguesia que estão mais perto da população,
que sentem os seus anseios, que – se lhes derem meios – melhor e mais
eficazmente os podem satisfazer.
Mais
uma vez, Cascais está na linha da frente desse combate e soube ocupar a posição que o Governo central não poderia. A comunicação diária do Presidente aos munícipes a dar conta
do que se está a fazer, e como, mostra bem o que deve ser essa imprescindível política
de proximidade.
Nunca
como nestes dias se viram nas televisões tantos nomes de presidentes de Câmara
ou de Juntas de Freguesia a pugnar pelos seus munícipes e fregueses. Nunca como
nestes dias se arvorou bem alto o que Cascais há muito arvora: as pessoas em
primeiro lugar!
Muito
há, pois, para nos congratularmos.
Todos
estamos plenamente conscientes que vai haver um d. c., «depois do corona».
Mudará
seguramente o nosso modo de vida, porque já é um encanto olhar para além do mar
e ver, nítido, a sul, o Cabo Espichel, porque drasticamente diminuiu a poluição atmosférica.
Já
começamos a ter noção mais clara do
que é ser vizinho e da necessidade de haver os contactos de uns e outros, não
para andarmos metidos em casa alheia, mas para sabermos se está tudo bem e
comunicar no momento em que se dá conta de alguma anomalia.
Já
começamos a saber responder ao «bom dia!», à «boa tarde!».
Quanto
estranhava, até há pouco, quando, no passeio pelo bairro com o Spike, eu
saudava quem se cruzava comigo e nenhuma resposta eu recebia. Agora, não! Até o
condutor do autocarro se saúda, por se reconhecer o seu labor social, o seu espírito
de serviço. Justamente isso me chamou a atenção
em Londres: saudava-se o motorista ao entrar no autocarro, ele respondia num
sorriso, e agradecia-se-lhe ao sair e ele correspondia!
Uma
palavra ainda para a Comunicação
Social local e regional.
É
nestas ocasiões que o seu papel se mostra imprescindível. Uma rádio local que
nos mantenha informados, um jornal que supra as mil e uma mensagens que nos atafulham
o telemóvel e nós queremos é saber do nosso concelho, da nossa terra!
O
director de um dos jornais a que mui gostosamente dou colaboração pensou em suspender a publicação, devido a não existirem eventos a noticiar nem
publicidade que o mantivesse. E o executivo camarário impôs-se: «Não, senhor!
Publica, pois! Nós ajudamos!».
Vamos
tendo máscaras, centros de diagnóstico, alojamento em hotéis e alimentação para o pessoal da linha da frente, graças à
forte colaboração de todos.
Rapidamente, os técnicos alteraram as linhas de produção
para satisfazerem as necessidades prementes…
Vamos
levar a embarcação a bom porto!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 321, 2020-04-08, p. 6.
Gosto deste entusiasmo do repórter" na saudação do que de positivo se vem fazendo no concelho (e é louvável) no aceno do condutor do autocarro, ou no bom dia que era habitual, há muitos anos, nas relações de proximidade e se perdera. Será um d.c. a esboçar-se e todos queremos, como sugere este belo texto, que seja límpido como a vista agora nítida do Cabo Espichel.
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