Começou
por haver o espaço magnífico, um solar nobre, digamos assim, de que urgia
usufruir. Depois, um sacerdote encarou o seu múnus pastoral como de promoção humana
também, no seu todo, envolto sempre no halo de Beleza, apanágio da divindade. A
beleza física, concreta, dos objectos e das pessoas; a beleza espiritual consubstanciada,
por exemplo, na música, tão presente sempre nas cerimónias litúrgicas.
Decidiu,
então, o prior que o espaço magnífico que fora disponibilizado à comunidade
poderia ser museu. Vira, por exemplo, como o vestuário rapidamente evoluía. Efémeras
eram as modas e muitos ‘trapos’ acabavam por se perder. Daí, o Museu do Traje.
Daí, concomitantemente, o acordeão. Ai, a magia do acordeão! Olá, Eugénia Lima!
E
o Museu do Traje de S. Brás de Alportel aí está. Mostra, sim, velharias prestes
a desaparecer do uso comum, carros de atrelagem usados por nossos bisavós… Tudo!
Há,
porém, uma fascinante característica: o museu é congregação! Chama-se-lhe «museologia
social», por constituir elo de ligação, tão necessária hoje na sociedade
são-brasense, onde o elemento forasteiro ocupa lugar de relevo, inclusive pela
sua vontade de aproveitar a vida.
Natural, pois, que tenha nascido a Liga de Amigos do Museu e, nela, o Grupo Coral.
De três vozes mistas – sopranos, altos e vozes masculinas – conta, actualmente, com 18 elementos, que, resultado da sua multinacionalidade, raramente estão todos juntos, devido a os membros passarem o seu tempo entre o país de origem e Portugal. Há sempre, no entanto, um núcleo suficiente para continuar a actividade.Sob direcção do maestro António Manuel Maria de Jesus, apresenta o coro um reportório diversificado, a abranger vários períodos, estilos e compositores desde o barroco até aos contemporâneos, de diversos autores e países. Cantam, em várias línguas, música sacra, não sacra e popular portuguesa, sendo a predominante a música sacra.
Um grupo de amigos apaixonados pelo música coral, vindos de todo o Algarve Central, que reúne às quintas-feiras no Museu do Traje. Uma mais-valia a jamais perder!
José d’Encarnação
Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 325, 20-12-2023, p. 17.
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