No ritual
católico da encomendação da alma, recorda-se uma passagem do livro do profeta Job,
o personagem bíblico símbolo do sofrimento maior e simultaneamente da
resignação eficaz:
“Quem dera as
minhas palavras fossem registadas! Escritas em um livro, talhadas com estilete
de ferro no chumbo ou gravadas para sempre na pedra! (Job, 19: 23-25).
Do saudoso
Padre José da Cunha Duarte nem todas as palavras se gravarão; o nome, sim: em
placa que, para sempre, perpetue quanto – não sendo são-brasense de nascimento,
mas sim, brilhantemente e com grande honra, são-brasense por adopção – por S.
Brás diligentemente teve ocasião de fazer.
Das tradições
que empenhadamente quis manter vivas e eficazmente impulsionou, a arte da pedra
não foi, decerto, a que menos atenção lhe mereceu.
Imorredoira
por natureza, merece ser repetidamente lembrada – ou dela não houvesse testemunhos,
até em mui singelas ombreiras de porta.
Estão atentos
os responsáveis pelo Centro de Artes e Ofícios. E não deixaremos de recordar a
actividade, por exemplo, de Jorge Mendonça, que aí apresentou, em Março de 2013,
a exposição «Arte em Pedra»; e, entre outras, dez anos depois (Maio de 2023), a
exposição «Árvore de Pedra», na Associação da Casa-Museu José Pinto Contreiras,
nos Gorjões.
Pedras e
árvores integram o nosso património secular. Agrada-nos ver essas bem
trabalhadas cantarias de portas. Bem nos agradava ver, igualmente bem tratadas,
as árvores do nosso sentir: as velhas alfarrobeiras, as figueiras doces, as amendoeiras
carregadas!... – e quantas delas não há
por aí ao abandono?!...
No quadro
panorâmico da nossa São Brás, queremos vê-las cada vez mais bem amanhadas. Os
herdeiros não se entendem? Há estratagemas a estudar – que essas nossas
árvores, de pedra não são, mas carecem também elas da nossa arte e labor!
José d’Encarnação
Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 346, 20-09-2025, p. 13.
De: Dora Barradas
ResponderEliminarEnviada: 25 de setembro de 2025 14:19
Como sempre, gostei do que li; e mais lhe informo que ainda antes desses datas enunciadas, na década de 90, organizei exposição dos trabalhos de “Arte em pedra” de José Mendonça na nossa Galeria municipal …
Precisamente, com indicação de contacto do Prior Cunha, fui a primeira pessoa que trabalhei com o José Mendonça para expor os seus trabalhos … e se deu trabalho convencê-lo !!