quinta-feira, 3 de junho de 2010

Imagem, eficiência e... desmazelo!


A 23 de Março, publicou Jornal de Cascais a fotografia do painel que, na Boca do Inferno, explica a fauna e a flora do local, paisagem protegida. Mostrava-se que estava partido. Hoje, 23 de Maio, partido lá continua. Entretanto, milhares de turistas desembocaram ali, trazidos por centenas de autocarros. E ficaram, certamente, com uma imagem de desmazelo das nossas autoridades.
Não conseguiam arranjar substituto em curto espaço de tempo, tanta é a burocracia deste País para acções desse jaez? Retiravam-no! Ah! Mas aí é que a porca torce o rabo! Retirava quem? A Capitania do Porto de Cascais? A Câmara? Os senhores da Paisagem Protegida?... Pois. Colocar, alguém colocou, com uma ordem expressa; agora, sabe-se já lá quem foi? E o espantalho vai lá estar o Verão inteiro, numa terra que vive do turismo, numa zona de visita obrigatória – para tristeza de todos nós… São demasiado complicadas as coisas simples!
Outro dia, a Fernanda deu uma saltada ao Norte do País e entrou numa sapataria. Acabou por fazer compras, porque os modelos eram do seu agrado e o preço assaz convidativo. Em conversa com o proprietário, que foi quem a atendeu, este, ao saber que viera de Cascais, disse que pensara em montar estabelecimento na zona. Entrara numa loja, onde as duas empregadas continuaram sentadas enquanto ele via os modelos e, a dado momento, inclusive uma delas saiu para ir fumar um cigarro.
Perante atitudes destas, a que teve ensejo de assistir noutras lojas, disse de si para consigo: «Livra! Deixa-te estar onde estás!».
Brio profissional precisa-se! E quando paira no ar a ameaça de despedimento, aqui d’el-rei, são todos uns…!
Era outro o ambiente, porque o regime totalitário tudo garantia e tudo orientava e, por isso, a motivação era nula; contudo, tudo isso me faz lembrar a cena, em Setembro de 1987, numa loja em Sófia (Bulgária): a menina que nos estava a atender, a determinado momento, sem mais nem menos, voltou-nos costas e foi calmamente conversar com a colega – e nós ficámos a olhar uns para os outros!... O partido pagava-lhe o ordenado, ainda que parco, ela não ganhava nada com estar a aturar estrangeiros e… pronto!
Repito: brio profissional precisa-se!

Publicado em Jornal de Cascais, nº 221, 25-05-2010, p. 6.

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