quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Pouparam-se 30 000 vidas humanas!

              Mais de uma trintena de pessoas, entre os quais familiares do cônsul Aristides de Sousa Mendes, estiveram presentes, ontem, dia 15, no Museu Nacional de Arqueologia, para assistir à apresentação do livro Aristides de Sousa Mendes. 30 000 Vidas Humanas, da autoria de Teresa Mascarenhas.
            Abriu a sessão o Dr. António Carvalho, director do Museu, que se congratulou com a realização da sessão, dada a circunstância de ele próprio ter participado, enquanto técnico da Câmara Municipal de Cascais, em muitos actos, no País e no estrangeiro, ligados à reabilitação da memória e em homenagem ao cônsul, designadamente no quadro dos testemunhos expostos e guardados no Espaço dos Exílios, no Estoril, dedicado, como se sabe, a quantos, no decorrer da II Grande Guerra, por aqui passaram a caminho dos Estados Unidos e outros países, fugindo à perseguição nazi.
            Uma evocação com que a representante de Edições Esgotadas também se regozijou, agradecendo o pronto acolhimento dado à iniciativa por parte da direcção do Museu.
            Coube a José d’Encarnação a apresentação do volume, que se enquadra, disse, nesse movimento geral de repúdio do holocausto e de reabilitação da memória de um acto de puro heroísmo, consubstanciado na passagem de vistos, pelo então cônsul de Portugal em Bordéus, aos judeus em fuga. Relacionou esta obra com a de Júlia Néry, O Cônsul, de 1991; deu conta do currículo da autora, que, por exemplo, ganhou, em 1990, o prémio Revelação, da Associação Portuguesa de Escritores, com o livro Eu, Lourenço, Andarilho da Vida; e sublinhou o profundo significado do subtítulo da obra em apreço, «30 000 vidas humanas», num momento em que ao cego capitalismo reinante interessam números e falta essa imprescindível perspectiva humanista, porque «vida é existência, é sonho, é perspectiva de futuro, é comunhão com uma família, uma comunidade», aspectos que, na verdade, muito arredios andam da política contemporânea. Um livro, concluiu, de leitura deveras aliciante, «a gente pega nele e não despega», porque o enredo nos inebria e… queremos chegar ao fim!
            Teresa Mascarenhas agradeceu, no final, aproveitando o ensejo para verberar a política em vigor, que não acarinha a Cultura, por aparente desconhecimento da importância vital que as manifestações culturais de todo o género efectivamente representam para um Povo.

Publicado em Cyberjornal, edição de 16-01-2013:

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