O tempo,
por exemplo, tema inevitável de nossas conversas diárias:
– «Olha:
o tempo alimpou!»: estava nublado ou de chuva e, de um momento para o outro, um
sol radioso, um céu azul…
– Ena, moce, que hoje vai estar aí uma
caloraça! Já se sabe: depois d’almoço, a gente fica com uma soneira desgraçada,
está visto! E tu tem-me tento: não fiques praí
à soalheira, sem nada na cabeça, ouviste?
Havia,
creio, lá para as bandas do alto de São Romão, um sítio que era a Soalheira. Se
calhar, ainda há. Acho que era porque, no Verão, o Sol bem queimava ali pelas
quebradas e só as cigarras se ouviam…
– «Fazer
bilharetas!»: faziam-nas os moços pequenos, traquinas. «Põe-te quieto, moce, que me afeleias!...». Mas são
sobretudo os gatos, que com qualquer coisa se entretêm e dão pinotes,
corrimaças… bilharetas!
– Atão nam
viste por aí o bichane? Hum, quer-me
parecer que ele foi mais uma vez dar um viajo…
Logo aparece!
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 171 (Abril 2013) p. 10.
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