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Rejeita a hipótese – por que tanto ansiara! – de ir fazer uma caminhada e, de passagem,
comprar a planta desejada.
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Nenhuma das ementas dos restaurantes próximos lhe agrada e declara que não quer almoçar. A companheira, porém, numa
de faz de conta, prepara almoço a contar com ele – que, no último momento, sem
uma palavra, se decide a comer também. Se o petisco estava bom ou não – nada
diz.
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No momento de sair às compras, olha para a companheira: «Já viste como estás?
Isso nem é trajo de ir prá praia! Ou te mudas ou não vais comigo!». A companheira
foi mudar-se.
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Ao pegar no carro, não mede bem as distâncias e bate com o retrovisor na
parede: «Qualquer dia, o carro vai prá sucata!», diz-lhe a companheira
mal-humorada.
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Na estrada: «Já viste a que velocidade vais?».
–
Para cúmulo, na única compra que foi fazer sozinho, nem reparou no que
comprara. Só em casa é que se apercebeu que a mercadoria vinha trocada.
…
Quanta
vez, no final do dia, ao ajeitarmos o lençol sobre os ombros, se faz o balanço
da jornada e nos damos conta de inúmeras cenas destas a polvilhá-la de pontos
negros. Não daqueles, sebáceos, que nos aparecem nas costas e até proporcionam
um minuto de mui terna atenção
«espera aí, que tens aí um ponto negro e eu tiro-o!»; depois da extracção , «olha como era grande!» e um beijo grato. Não,
os pontos negros, aqueles, são de outro género e, se nos descuidamos, se os não
extraímos, vão sub-repticiamente crescendo, construindo um muro pedrinha a
pedrinha. E nós somos contra os muros inoportunos, como o de Berlim e quejandos.
Fala
o Povo: «Grão a grão enche a galinha o sarrão». Uma concepção positiva. Mas também amiúde se exclama: foi essa
a gota que fez transbordar o copo! Esta, uma conotação
geralmente negativa – que, depois disso, veio a desgraça!...
Moral
das nossas pequeninas histórias diárias: há que encher o sarrão de coisas boas
e pôr no lixo, higienicamente, o que, de facto, não presta!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde) nº 659, 01-04-2015, p. 12.
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