domingo, 30 de junho de 2019

Tornar S. Brás mais acessível

               Das muitas e variadas notícias publicadas na anterior edição do nosso Noticias de S. Braz, destaco, em primeiro lugar, com aplauso, como não poderia deixar de ser, o processo de elaboração da Carta do Património do Concelho: «decorrem trabalhos de campo que consistem no levantamento sistemática e actualizado dos bens culturais», «um trabalho desenvolvido pelo Gabinete de Reabilitação Urbana do Município em parceria com o Gabinete Municipal de Arqueologia». O objectivo é, mui naturalmente, o de esses resultados virem a ser devidamente integrados no Plano Director Municipal ora em fase de revisão.
            Insistiria também – e que se me perdoe a insistência - na necessidade de inventariação e preservação do património móvel. A necessária campanha de recolha de alfaias e utensílios que, por o progresso os ter tornado obsoletos, constituem memórias a preservar. E as fotografias guardadas em gavetas que, amiúde, os herdeiros acabam por deitar fora?
            Outra notícia a destacar – e essa, decerto, mais saliente (teve, de resto, chamada em primeira página) – prende-se com o avanço da elaboração do projecto de requalificação da Estrada Nacional nº 2. Felizmente que se ‘descobriu’ a grande importância desse eixo viário, depois de os nossos antepassados patrícios tanto se haverem batido por que S. Brás não fosse esquecido no âmbito do traçado da via-férrea do Sul; e, já nos nossos dias, quando o traçado da Via do Infante também nos postergou.
            Congratulo-me, pois, com o facto de se prever a eliminação de algumas condicionantes, a criação de zonas de ultrapassagem e a reformulação do cruzamento de acesso ao Mercado Abastecedor da Região do Algarve.
            S. Brás, ali postado no final – ou no começo – das famosas «curvas do Caldeirão», orgulhoso muito embora de ser a porta («Alportel») de ligação para o Norte, carece, na verdade, que se olhe para ele em termos de acessibilidades. Foi, no passado, mesmo sem elas, viveiro de gente que partiu; quer-se, no presente, viveiro de gentes que chegam e que ficam!

                                                                       José d’Encarnação

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 271, 20-06-2019, p. 13.

Post-scriptum:  A propósito da necessária recolha e inventário do património cultural, nomeadamente do imaterial, de que se fala aqui e a que se fez referência na crónica anterior, teve a Dra. Marlene Guerreiro, mui digna vice-presidente do Município são-brasense, a gentileza de me informar que a criação de um Arquivo Municipal constitui um dos objectivos do Executivo sempre presente. A escassez de verbas tem impedido, no entanto, que se concretize ou, mesmo, que se consiga incluir em plano tal desiderato, cuja importância e necessidade são por todos mui conscientemente sentidas.

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