terça-feira, 20 de outubro de 2020

O que é um churrião?

            Uma carruagem puxada por cavalos e que se destinava, sobretudo, ao transporte de pessoas. Um carro pesado, próprio para zonas plana.

            E sabia que havia um carro, também ele pesado, que transportava o azeite a partir dos lagares situados no interior para as fábricas de conservas de peixe das localidades litorais?

            E onde é que eu aprendi isso?

Panorâmica da exposição dos veículos de atrelagem 
          

          No Museu do Traje de S. Brás de Alportel! Uma das suas exposições permanentes é a dos veículos de atrelagem, uma colecção digna de ver. Para além d’As Engrenagens do Tempo, que é uma maravilha como se sabe e que nunca nos cansamos de ver, há a das casas agrícolas e, de modo especial, a mui adequadamente designada «terra de cortiça», um hino à actividade deste sector que guindou S. Brás aos píncaros da economia. Nela se podem apreciar pranchas de cortiça retiradas em períodos diferentes da vida da árvore, instrumentos de trabalho e assistir ao documentário, de 8 minutos, sobre o processo de preparação e transformação da cortiça.

           Tudo isto para dizer o quê? É que precisamos de sentir ainda mais nosso o nosso Museu. Lá se pratica ao vivo o que se tem designado por Museologia Social, ou seja, a inserção do Museu na vida local, porque a vida local também encontra no Museu incondicional apoio. Quantas associações não têm no Museu o espaço para as suas iniciativas? Não acolheu o Museu o projecto Palmas Douradas que tanto renome está a dar a S. Brás?

            Há, pois, que engrossar a corrente de simpatia para com esta entidade museológica, que (digo-o com conhecimento de causa, inclusive – perdoar-me-ão a nota – porque sou formado em Museologia) dá cartas a nível nacional por essa aproximação extraordinária, que privilegia, com a comunidade. Na ausência – não se sabe, infelizmente, por quanto tempo – de um Arquivo Municipal, tem sido o Museu do Traje a disponibilizar-se para receber recheios de casas em mudança de proprietários, documentos antigos, tudo o que possa ajudar a manter viva a nossa memória.

         E essa ‘corrente de simpatia’ tem de começar pela entidade que o detém: a Santa Casa da Misericórdia. Bem no sei: o Senhor Provedor tem mais com que se ralar, na gestão da pandemia; mas, assim como que para desanuviar dessas afeleações, pode, uma vez por outra, mudar o registo do seu pensamento para uma das suas valiosas pérolas – o Museu!

José d´Encarnação

Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel], 20-09-2020, p. 13.

 

 

 

 

2 comentários:

  1. Não conheço este Museu, ainda, nem sabia da sua inteligente rentabilização do espaço, ou vocação para se aproximar da comunidade. Esse é o caminho, o da Museologia Social. Por isso a leitura dos textos deste blog me enriquece, nos enriquece, tanto. Muito grata ao autor, que admiro sem reservas, por partilhá-los connosco.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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