Meu primo Helder Cardoso e sua
mulher Leila desde há muito que sentiram o apelo do mundo inconcebível das
borboletas e, também, das aves. Ainda no dia 20 ele apontava, no Facebook,
uma camisola com o dístico «Nós somos amigos da
Águia-imperial-ibérica!». Criaram a Rede de Estações de Borboletas
Nocturnas –https://www.reborboletasn.org/
– e são capazes de passar horas na contemplação e no estudo das borboletas,
cuja função ímpar no ambiente dão a conhecer. Aliás, quem há aí que possa não
se extasiar perante tamanha beleza?!...
Existe no Parque Urbano de Rana (concelho
de Cascais), um Borboletário, «equipamento destinado a visitas guiadas ou
livres, utilizado como local de estudo das borboletas nos seus vários estados
de desenvolvimento, a preservação das espécies e a educação ambiental». Outros
há em Portugal, com idênticas funções didácticas.
Pela vida das
borboletas me senti seduzido desde jovem. Impressionou-me deveras o filme que tive
oportunidade de ver em Poitiers, no Futuroscope: organiza-se um tipo delas e
voam milhares de quilómetros para demandar outra região do mundo e aí continuarem
a viver e a perpetuar a sua espécie. Consultei a Wikipédia e verifiquei que se
trata da borboleta-monarca (
Danaus plexippus). Tem cerca de setenta
milímetros de envergadura, asas laranjas com listras pretas e marcas brancas.
Os seus ovos eclodem no
Canadá
e, ao atingirem o estado adulto em Setembro, voam cerca de 4000 km até chegarem
ao
México,
onde passam o Inverno. Um espectáculo que me deslumbrou.
Do
livro de Jesús Simon, «A Dios por la Ciencia» (Editorial Lumen, Barcelona,
1958, p. 339-340), colhi a informação de que algumas espécies tomam tão
perfeitamente a posição, as cores e, até, a figura de certas flores e vegetais
com que convivem que se confundem com
eles. Assim, por exemplo, a «borboleta vermelha» apresenta cores vivas e
brilhantes ao voar; mas, pousada numa planta, assume exactamente a cor e a
forma de uma folha morta.
Também
anotei, na altura, que está cientificamente provado que as borboletas conseguem comunicar umas com as outras de
grandes distâncias mediante a emissão de radiações!...
Confesso
que estava longe de consagrar uma crónica às borboletas. O culpado é este novo
olhar, mais demorado, que a pandemia nos trouxe, para aquilo que nos rodeia.
Obriga-nos, de facto, a viver melhor! Ainda bem!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 800,
01-06-2021, p. 11.
Um crónica pequenina, esta, tão bonita como o tema. A borboleta é uma maravilha da Natureza, o meu insecto de estimação, até reproduzido em alfinetes de lapela. E o mimetismo que as caracteriza já me apanhou desprevenida quando, sem dar por elas, voam de perto de mim sem eu contar. Sei desse borboletário de Rana, sim. E também eu, estando longe de ler uma crónica de um arqueólogo sobre borboletas, agradeço este sopro de aragem matinal.
ResponderEliminarBem hajas por te manteres deslumbrado pela beleza.
ResponderEliminarRaquel Henriques da Silva
ResponderEliminar27 de junho de 2021 23:42
Que belo texto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Maravilhoso, empático, fraterno. MUITO OBRIGADA!