No mais rasgado elogio alguma vez feito à benignidade do clima de Cascais e à excelência da qualidade das suas águas, afirmou solenemente Frei Nicolau de Oliveira, num livro publicado em 1620:
«E assim é a mais sadia terra que se sabe em Portugal e em que os homens mais vivem e mais sãos e donde de todo está desterrado um mal que a tantos consume a vida, que é a melancolia».
Estava
eu, pois, embalado nesta doçura e esperançado, até, duma vida sadia até para lá
dos cem anos, quando me começa a bater à porta, por via do Notícias de S.
Brás, a informação de que, ora num mês ora noutro, a informação de que Dona
X festejara os seus 101 anos e Dona Y já ia nos 103. Ainda na edição de
Dezembro se contava, logo na 1ª página, que «a sambrasense D. Maria da
Conceição completa 112 anos em 22 de Dezembro» e, na p. 2, que Apresentação
Dias festejara, a 21 de Novembro, o seu 104º aniversário. Abençoadas!
Mas,
por outro lado, essas notícias caíram-me mal, porque me instilaram a dúvida:
errou o frade em relação a Cascais? Afinal, também erraram meus pais também,
quando se decidiram a ir para as bandas de Lisboa, quando os ares de S. Brás
eram, muito mais benfazejos?
Agora,
paciência! Está feito, está feito e vai ser difícil optar por um regresso ao cheirinho
bom das flores de alfarrobeira, à maravilha dos campos de amendoeiras floridas.
Que,
pois, sejam outros são-brasenses – e os muitos forasteiros que por aqui, cada
vez mais, se estão instalando – os beneficiários, em pleno, desses bons ares e
dessas boas águas – no voto de que todos compreendam quão necessário é lutar
pela biodiversidade, pela preservação da qualidade do lençol freático e dos
nossos poços e nascentes.
José d’Encarnação
Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 338, 20-01-2025, p. 13.
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