quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A imprensa regional e a política

            Se a imprensa a nível nacional nem sempre escapa aos tentáculos da política, mais exposta a eles anda a imprensa local e regional, porque está mais próxima da população e carece, por isso mesmo, de ser ainda mais independente dos poderes político e económico. Um equilíbrio difícil, mas as direcções e redacções dos órgãos de comunicação têm consciência daquilo com que podem e devem contar.
            Há, evidentemente, os que se assumem claramente como ‘partidários’ e o leitor sabe, por conseguinte, com o que há a esperar. O ideal seria a independência, dar voz a toda a gente, porque, na verdade, um órgão de comunicação local deve ser tribuna para todos e a população vê nele até, amiúde, uma forma de anti-poder, de através dele fazer chegar ao poder as suas reivindicações.
            Tudo isso é por de mais sabido; Noticias de S. Braz assume-se claramente como veículo de todas as tendências políticas e não valeria a pena este escrito aqui, se eu não tivesse visto agora, num jornal local português, esta ‘caixa’ como legenda à fotografia com nome da pessoa em causa, ali habitualmente publicada em edições anteriores (transcrevo tal e qual):
            «Por sua autoria esta senhora deixou de escrever no espaço que lhe estava destinado, possivelmente pela sua derrota. A mais pesada na história dos líderes da concelhia do […]» (vinham identificados o partido e a terra).
            Para além de anotar a deficiente redacção do texto, não resisto a um comentário, fazendo-me eco da célebre frase do ‘Cónego Remédios’:
            «Não havia necessidade!».                                             

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 206, 20-11-2013, p. 21.

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