sábado, 30 de março de 2013

O Sol de Psara – nota sobre um livro de poemas

            Psara é uma das ilhas gregas do Mar Egeu. Apenas 43 km2 de superfície. Plena, contudo, de poesia e de mitológicos ecos aos olhos dos que estudam a Antiguidade Clássica e que até acreditam que foi por aí, por esses mares serenos, que a poesia um dia nasceu…
            Se calhar (o poeta não o diz), foi por isso que António Salvado deu o título de O Sol de Psara a mais um dos seus livros de poemas (Editora Licorne, 2011, 40 páginas, ISBN: 978-972-8661-74-8).
            Perpassa por todas as páginas um lirismo intenso, que ressuma, aqui e além, contido mas cálido erotismo: «Quem me dera ser o vento: / tu, nua, receberias / nos teus seios meu alento.» A doçura da entrega sugerida: «em ti descansam praias e desvelos»… «Repouso no teu colo uma alcachofra».
            As palavras ditas mas cujo eco nem sempre se conhece. Solilóquio? Sonho? Desejo por cumprir? Convoca-se a Natureza, as flores, os riachos, as estações do ano, a paisagem serena da manhã e ao sol-pôr – para a comunhão amorosa!
            E os espaços nos versos obrigam a pausa. Assim:

            Que os atalhos conduzam    sempre    aonde
            Se glorifique    a pressa do encontro.

            Não vamos por atalhos. Seguimos, porém, com o autor, a linha do horizonte – onde temos pressa em repousar!

Publicado em Cyberjornal, edição de 30-03-2013:

1 comentário:

  1. Estimado senhor
    só um bom pesquisador consegue distinguir um livro assim. Obrigado. Licorne

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