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Nam acredito! Disse que vinha de tèmêdia e vem, que o miúdo é uma cegueira pelo
avô e não descansa.
‒
Mas já viste? Numa jingajoga daquelas, caminhos maus, é capaz de desistir!
Gostei de as ouvir.
Primeiro,
porque ‘manhoso’ é mesmo a palavra certa para dizer que ‘tem manha’, não se
pode confiar nele! Aliás, em tempo de crise, é, se calhar, palavra bem
ajustada, porque tudo agora está manhoso, não se pode confiar, que não há brio
profissional como dantes! Nem no tempo!...
Depois,
aquele «tèmêdia» encheu-me as medidas. Forma sincopada de dizer «até ao
meio-dia», expressão longa de mais para uma conversa rápida.
Finalmente,
jingajoga, que nem sei se a hei-de escrever como já vi por aí, jigajoga, com
esse significado de engenhoca; se com g, a aparentá-la com o verbo gingar,
porque, aplicada a um carro, uma pessoa pensa logo que aquilo baloiça tudo,
tem-te não caias.
Ah!
E a cegueira pelo avô? Como quem está cego para tudo o mais!...
Não
sei como acabou a história. Se o filhote, que prometera trazer o garoto, sempre
veio de tèmêdia; se a jingajoga (que comprara praí em 4ª mão!...) sempre
aguentou o caminho; se o tempo desanuviou e o vento levou as nuvens cinzentas
para o lado do mar. Tudo deve ter acabado em bem, acredito!
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 187-188, Agosto/Setembro de
2014, p. 10.
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