- Com
que jête, môce?!
Depois,
pensei melhor e concordei: num mestrado (e então nos que ora se fazem!...),
disserta-se, expõe-se, conversa-se… No doutoramento, há que lançar uma
hipótese, desenvolver um raciocínio lógico e chegar à demonstração de uma ideia inovadora (a tese).
No
entanto, o que mais me impressionou foi o inesperado da minha espontânea
exclamação , eco profundo de frase
comum na minha infância.
Além
do ‘jeito’ à moda algarvia, fixei-me no môce,
que, aliás, amiúde se reduz a mó, muito
mais interessante, de resto, que o corriqueiro pá, derivado de ‘rapaz’. Senão,
veja-se: rapaz vem do latim «rapax», que significa, na origem, «o criado
propenso a roubar», «rapace»; em contrapartida, moço (e lembramos de imediato
Bernardim Ribeiro, «menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe»…) vem (pasme-se!) do adjectivo latino
musteus, «doce como o vinho novo», como
o mosto, «sumarento»…
Diga-se
lá que o Algarve não sabe dar cartas até no vocabulário!...
José d’Encarnação
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 194/195, Março/Abril de 2015,
p. 10.
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