terça-feira, 28 de agosto de 2018

Patrimoniices cascalenses 17 - O Sanatório de Sant’Ana

            O azulejo apresentado para a adivinha é um dos muitos – e preciosos! – que ornamentam corredores e a fachada do actual Hospital Ortopédico de Sant’Ana, na Parede.
            Mostra, em letras entrelaçadas, o nome por que foi primeiramente designado: S(anatório) de S(ant’) A(na). Assim se chamou porque as condições atmosféricas que o rodeavam (e ainda rodeiam), designadamente as características da exposição solar e do ar marítimo, o aconselhavam largamente para a terapêutica das doenças ósseas. Diz-se, aliás, que condições iguais de sol e de iodo só numa prainha dos confins do Japão…
            Vale a pena aproveitar o ensejo para contar como parece ter estado «embruxado» o começo desta unidade de saúde, ora mundialmente reconhecida. Disso nos dá conta Ferreira de Andrade, no seu livro Cascais – Vila da Corte, uma passagem que, pelo seu interesse, transcrevi em Cascais e os Seus Cantinhos (p. 150):
            «Mandaram construir Dona Amélia Biéster e seu marido, Frederico Biéster, na Parede, um sanatório – o actual Sanatório de Santana.
             Foi encarregado da direcção e escolha do local o Dr Sousa Martins, que designou para elaborar o projeto o Prof. José António Gaspar, da Academia das Belas Artes. Entretanto, faleceu o Doutor Sousa Martins e era convidado para prosseguir a obra o Doutor Manuel Bento de Sousa, que pouco depois perecerá também.
             Houve certa superstição e, antes que outro médico fosse convidado, morreu Frederico Biéster e, poucos meses volvidos, sua mulher.
             As obras interromperam-se; o arquitecto Prof. Gaspar, impressionado, abandonou-as».
             Foi, pois, uma tia e herdeira dos Biéster, D. Claudina de Freitas Chamiço, quem decidiu não deixar a obra a metade. Entregou a sua orientação ao notável cirurgião Gregório Fernandes. A primeira pedra foi lançada a 7 de Agosto de 1901. Rosendo Carvalheira, um nome grande da arquitectura portuguesa, dirigiu os trabalhos. A inauguração fez-se a 31 de Julho de 1913.

 

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