sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Rua João da Câmara Pestana, em Birre

            Tinha razão a Profª Luísa Bernardes – que, durante anos, teve a seu cargo a vetusta escola de Birre – ao afirmar que esta era uma das raras artérias de Birre a que não fora atribuído nome de flor, numa altura em que os poderes autárquicos seguiam a mui sadia prática de estabelecer áreas toponímicas: a um bairro, nomes de árvores; a outro, de navegadores; a outro, de escritores… Hoje, a desorganização é total e não é raro, com os previsíveis inconvenientes, encontrar-se o mesmo nome dado a dois arruamentos na mesma freguesia!
            Persistem em Birre duas placas mui singulares, como pode ver-se pela imagem.
            A outra assinala uma rua praticamente inexistente, porque a incúria dos serviços municipais permitiu que uma artéria pública fosse ‘apanhada’, sem mais nem menos, por um dos proprietários vizinhos. Não é rua, apesar do nome, é um carreiro; mas pugnamos por que a placa identificativa não saia de lá, a fim de mostrar que esse Birre de Baixo, aninhado em torno da escola pública, uma das primeiras escolas republicanas do concelho de Cascais, constituía um importante centro da ideologia republicana, como, aliás, se documenta pelas inúmeras iniciativas que, nessa segunda década do século XX, ali foram levadas a efeito. Uma história ainda por contar!
            Lê-se perfeitamente a legenda justificativa da homenagem. Honra seja feita aos executivos das sucessivas juntas de freguesia que – sem excepção – muito prezam a manutenção do monumento, pois que, na verdade, sendo muito embora placa toponímica, de um monumento se trata. Honra ao mérito!

                                                                                  José d’Encarnação

 

2 comentários:

  1. Há anos já, quando a tal "artéria" desapareceu, dando origem a uma piscina na propriedade da Casa dos Troncos, diziamos à boca pequena, termos uma piscina pública em Birre, pois fora construída no espaço público de uma rua...Como directora da Escola nº1 de Birre, solicitei aos serviços camarários, por diversas vezes, a recuperação, não da rua, mas da placa toponímica! Não entendendo a ironia, lá era enviado pessoal para pintar a placa, mas o funcionário mal cabia na rua...Histórias, muitas, ainda por contar!

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  2. Não deixa de ser curioso, de vários aspectos, o comentário de Cecília Figueiredo: andou na escola de Birre, diariamente passava por essa rua e sabia de cor o que lá estava escrito. Recordo, a propósito, que os que andávamos na chamada Escola do Ereira sabíamos de cor o letreiro que dizia «Marinha em regime florestal. Decreto de 20-6-1906. É proibido caçar». Como docente de Epigrafia, não posso senão regozijar-me com o facto de os letreiros contribuírem assim para a alfabetização, por um lado, e, por outro, para a tomada de consciência da realidade envolvente. Bem hajas, afilhada, pelo teu depoimento!

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