domingo, 16 de junho de 2013

Para variar, com sua licença!

            Têm-me ocorrido as frases do nosso quotidiano de algumas décadas atrás e que, porventura, hoje apenas se ouvem de vez em quando e com uma certa admiração, quiçá, por parte de ouvidos mais novos, ferozmente educados na erudição globalizante.
            Tanto em relação aos nossos bichos como até a alguém que sofre de qualquer maleita:
            – Pronto, já variou! Ele, de vez em quando, dá-lhe isso: vareia!
            E os mimos com que – a sério ou a brincar – arramalhetamos as nossas falas, também em relação a animais, a crianças e a adultos:
            – Ai, filho de uma magana!... Olha o filho do diabo do cão!...
            Nem o catraio é filho de uma magana nem o cão, por mais endiabrado que pareça, poderia ser filho do diabo!
            O curioso é verificar que os linguistas apontam para étimo de ‘magano’ um substantivo latino, mango, que era a designação dada aos negociantes de escravos e àqueles que «enfeitam a mercadoria para a vender por melhor preço»! Eu acho que só podem estar a mangar!... Não deixaria, certamente, de causar alguma perplexidade ao feirante ou ao homem do talho ou, simplesmente, a um decorador se lhes chamássemos: seus maganos, hein! Pensariam que os acusávamos de uma patifaria qualquer e… nós apenas eruditamente arramalhetávamos a nossa conversa!...

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 173, Junho de 2013, p. 10.

Sem comentários:

Enviar um comentário