domingo, 7 de julho de 2013

O Passionário Polifónico de Guimarães, um documento deveras notável

             Vai ser apresentado dentro em breve o Passionário Polifónico de Guimarães, edição fac-similada da Sociedade Martins Sarmento, concretizada pela Fundação Cidade de Guimarães, ainda no âmbito das iniciativas de Guimarães como Capital Europeia da Cultura (em 2012).
            O estudo, transcrição e revisão devem-se ao doutor José Maria Pedrosa Cardoso, que foi docente de História da Música na Faculdade de Letras de Coimbra (ora aposentado), e que confessa ter sido a descoberta deste Passionário que o despertou «há mais de 20 anos, para as lides musicológicas», em que se tem notabilizado. Eduardo Magalhães encarregou-se da complexa musicografia.
            Estamos perante o códice SL.11-2-4, existente nos fundos daquela sociedade vimaranense. Nele se contém, como se explicita na quarta capa, «a música monódica e polifónica do canto da Paixão, tal como se executava no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, na 2ª metade do século XVI, em que a Semana Santa era solenemente celebrada».
            Aí temos o cantochão das paixões nas versões dos quatro evangelistas e o pregão pascal, tendo sido possível identificar nelas «uma versão tradicional portuguesa enriquecida com um ritmo crúzio bem marcado», de modo que «a presença deste precioso manuscrito em Guimarães comprova a irradiação da música crúzia para além do Mondego». E uma outra novidade se salienta: o registo de «algumas frases em polifonia nas paixões de Domingo de Ramos (S. Mateus) e de Sexta-feira Santa (S. João)».
            Pela sua beleza intrínseca e pelo elevado valor documental que detém, esta edição constitui, sem dúvida, marco singular no quadro das manifestações culturais vimaranenses. Congratulamo-nos!

Publicado em Cyberjornal, edição de 7-07-2013:

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