– Ah! António,
então, tudo bem?
–
Cá estamos!
As
frases feitas, a resignação perante um
dia-a-dia cinzento? A vida como um carrego a suportar.
Confirmei-o
com o resto da conversa: mortes, desgraças, «apareceram-lhe bolhas por todo o
corpo»…
Governar é muito difícil
Um antigo governante
me dizia que «política é uma arte nobre». Também me parece que sim. E bem difícil
deve ser. Eu vejo por aquele caso do senhor que tem cães e os deixa defecar na
placa relvada em frente de uma creche e de uma venda de comida. Já lhe disseram
vezes sem conta que há saquinhos no poste ao lado e que esses saquinhos são
para apanhar os dejectos dos canitos. O senhor não percebe. Portanto, se uma
recomendação tão simples e tão evidente não se acata, como poderemos pensar nas
mais complexas? Difícil de governar é o povo!...
Nenhum empregado
Aida
admirou-se:
– Como é?
Vocês aqui têm tão poucos empregados? Precisamos de esperar que um esteja livre
para nos atender? No Brasil, fazemos questão em o cliente ser atendido na hora;
por isso, multiplicamos os empregados até ao limite do necessário.
Lembrei-me
desta frase da Aida quando, num destes domingos, percorri toda uma pequena superfície
comercial à procura de um empregado que me orientasse os passos em direcção a
um artigo que não encontrava. Não havia nenhum. E foi um outro que até nem era
do sector que se disponibilizou para me ajudar.
Com esta
‘pancada’ de diminuir o pessoal a qualquer custo, há extremos que estão a
atingir-se e a afugentar clientela, que não se compadece com escusados tempo s
de espera. A manutenção do IVA a 23%,
por exemplo, está a contribuir eficazmente para que se corte nos empregados de
mesa. E custa bastante ter de esperar num restaurante para ser atendido.
Pensa-se duas vezes se não é melhor ir almoçar a casa.
Quem
está muito alto – já lá dizia alguém – não consegue ouvir a voz da Razão.
O táxi na Clínica
Foi criado um
lugar de táxi junto à Clínica CUF Cascais. Aplaude-se a iniciativa e, agora, há
que motivar os taxistas a estacionarem por lá. A Pampilheira era dos poucos
bairros suburbanos da vila de Cascais que não tinha praça de táxis.
Ainda as eleições em Cascais
106 988 eleitores – e eram 172 537
os inscritos! – não compareceram ao acto eleitoral. Dos 65 549 que
participaram, 5 951 votaram em branco ou anularam o boletim de voto.
Bastaram os votos de cerca de 2,7% dos eleitores para eleger um vereador!...
Gosto de dar uma olhadela ao que se
passa com a mesa 28, uma das que integra os eleitores mais antigos da vila de
Cascais, teoricamente os mais ligados ao seu passado e ao seu futuro, porque
foi aqui que nasceram (na sua maioria) e por aqui se têm mantido; em teoria,
portanto, aqueles que mais sentem a vila como sua. Os resultados foram, a meu
ver, sintomáticos e dignos de uma reflexão.
Assim,
no que se refere à Câmara Municipal, estavam inscritos nessa mesa 1170 eleitores;
votaram 452, ou seja, 38,6%; a abstenção foi, portanto, de 61,4%. E votaram em
branco 2,9%, isto é, 13 eleitores, tendo anulado o voto 4,4% (20 eleitores).
Nessa
mesa, cingindo-me apenas à votação para a Câmara, a coligação VivaCascais
obteve 53,54%, ou seja, se as minhas contas não falham, 240 eleitores (dos 1170
que estavam inscritos). O 2º lugar pertenceu ao PS, com 21,7% (98 votos); a CDU
foi a 3ª força política votada (8,2%): 37 votos; e o Movimento SerCascais
obteve 6,4% (29 votos).
Dois recortes
No dia 9, na antena da Rádio Renascença, o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade:
«Neste
momento, o sustentáculo de muitas famílias são os seus idosos, que, com as suas
parcas reformas ou pensões de sobrevivência, estão a pagar os estudos dos
netos, a suportar os custos dos filhos que estão desempregados».
Nesse
mesmo dia 9, José Pacheco Pereira afirmou,
no ‘Jornal das 9’
da SIC Notícias, que «a grande dificuldade é que os nossos governantes,
quando falam português – o que nem sempre acontece –, não se explicam, não se
querem explicar e querem enganar».
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais,
nº 19, 23-10-2013, p. 6.
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