Para já, o filho relatou-lhe que
anda em calções e t-shirt e os
indígenas com que se encontra vestem calça e casaco e gravata, porque pretendem
assim equiparar-se aos europeus que, durante séculos, os escravizaram. E de que
vivem? É o que vamos ver!
Cresce
ali a ylang-ylang, árvore que chega a
atingir 20 metros
de altura. Chegavam a atingir se as deixassem, pois, na
actualidade, elas são podadas, mantidas, 'traumatizadas' a menos de 2 metros de altura para
facilitar a recolha das suas lindas flores amarelas.
Tem
nome científico Cananga odorata, porque cheira muito bem (está, aliás,
na origem do nome dado, em 1989, a uma telenovela da Manchete que passou
entre nós: Kananga do Japão). E dela vivem os indígenas, porque a
cortam, põem-na a destilar e obtêm assim um óleo deveras
apreciado desde longa data, não apenas pela fragrância que exala mas porque é a
matéria-prima para um dos perfumes mais cobiçados pelos Europeus e de que,
nesta época natalícia, muita publicidade se faz, por ser caro e bem cobiçado
pelo seu aroma forte e inconfundível. E o óleo essencial que da ylang-ylang
também se extrai detém, reza a propaganda, outras magníficas e deveras importantes propriedades: é antidepressivo, antisséptico, afrodisíaco,
hipotensor e pode ser usado como sedativo. Uma maravilha!
Cada frasco obtido por destilação no
alambique rende bem e contribui eficazmente para o indígena… dar nas vistas!
E que está lá o filho da minha amiga a fazer? Facilmente se compreenderá: a
estudar os meios de evitar a sangria da floresta, meio caminho andado para uma
desertificação a breve trecho, se
não forem tomadas medidas urgentes.
Quem diria, pois, que aquele perfume tão propagandeado era originário lá bem de
ilhas perdidas no Índico e que, para o obter, se estava a pôr em risco uma
outra riqueza maior, que é o equilíbrio ambiental?
Publicado em Cyberjornal, edição de
25-12-2014:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1136:a-magia-dos-perfumes-que-esconde-outros-misterios&cat id=30:colunistas&Itemid=90
Sem comentários:
Enviar um comentário