sábado, 13 de dezembro de 2014

Bichanos & companhia

            E as velhotas, no Centro de Saúde, lá continuaram na conversa em jeito de quem quer matar o tempo. Ouvi-lhes:
            Isto foi o cabo dos trabalhos!
            Imaginei logo que falariam de doenças, que é tema de velhos, pois claro.
            Faz-me a cabeça em água, o malandro!
            Supus netinho irrequieto, levado do diabo. Mas, quando me pareceu que soara a palavra bilharetas, mais ou menos assim pronunciada e que eu há tempos não ouvia, apurei o ouvido. Bilharetas: traquinices, partidas, fosquinhas, malandrices e atitudes do género... Podiam ser dum moço pequeno, podiam; afinal, porém, o Sebastião de que uma das senhoras falava era gato de luzidio e farto pêlo preto, a sua companhia, compreendi depois.
            E dei comigo a pensar na lei que ora se fez para punir quem maltratasse animais, designadamente animais de companhia. Aprovo. Gostaria, no entanto, de ter ouvido, na circunstância, falar mais do importante papel que gatos e cães detêm no equilíbrio de uma família, mormente crianças e velhos. E quantas vezes não vemos fotos de «sem-abrigo» em que a única e inseparável companhia é… um cão?! Gostaria que se dissesse quanto essa companhia contribui, mais do que os remédios, para segurar o equilíbrio mental. E que dessa consciencialização resultassem leis em conformidade, porque o sem-abrigo e o velhote podem passar fome, mas o seu cão… não!


Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 191, Dezembro de 2014, p. 10.

1 comentário:

  1. Está muito bem analisado meu Amigo Zé. não há dúvida e ninguém pode pôr em causa o extraordinário valor dum a nimal de companhia, sempre presente nas horas boas e más da vida . Mas quem "manda"é cego, surdo e mudo, INCULTO E INSENSÌVEL. À frente dos olhos só querem vêr milhares de milhões umn grande parte das vezes mal utilizados, mal geridos e muito bem roubados....

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