segunda-feira, 24 de julho de 2017

Da tirania do inglês

            Diz o Génesis, no capítulo 11, que «em toda a terra, havia somente uma língua e empregavam-se as mesmas palavras»; mas os homens acharam que poderiam construir uma torre até ao céu e assim serem, juntos, mais poderosos. Deus, porém, não achou piada à ambição e confundiu-lhes a linguagem de modo que, daí em diante se não compreendessem uns aos outros.
            Logrou o povo romano ter uma língua quase universal no Ocidente, o Latim, e outra, no Oriente, o Grego. E assim, no continente europeu, o Latim perdurou como língua em que praticamente todos se entendiam durante a Idade Média e ainda no Renascimento os sábios era em Latim que se correspondiam.
            Após a Revolução Francesa, não foram apenas os seus ideais que se propalaram, mas também o seu veículo, a língua. Deste modo, nos primórdios do século XX, as ementas dos hotéis eram em francês e o Francês foi língua dominante da Ciência até à década de 60 do século passado, uma vez que não dera resultado a experiência do Esperanto, promovida por Ludwik Lejzer Zamenhof, em 1887, com a intenção de ‘reconstituir’, de certo modo, essa língua universal que o Criador proibira.
            Vieram os Beatles e, em Junho de 1967, Scott McKenzie proclamava: Be sure to wear flowers in your hair. E com as flores veio a língua, o inglês, que, pela enorme simplicidade da sua gramática e vocabulário («go out», sai, «go in», entra…), paulatinamente se foi substituindo ao francês, de gramática e vocabulário muito mais complexos. E há que confessar que o resultado é louvável, para que, no dia-a-dia, nos entendamos.
            Mas uma coisa é entendermo-nos, outra é obrigarem-nos a entendermo-nos! Uma coisa é eu fazer investigação com os meus parâmetros mentais, o meu vocabulário específico, apropriado às ideias que quero expor, outra é obrigarem-me a usar um vocabulário pobre e a exprimir o resultado da minha investigação numa língua que não é a minha! Obrigar é sinónimo de atitude ditatorial, de que todos há muito abjurámos!
            E se «obrigar» implica também «avaliar», aí temos o caldo entornado! Quando um categorizado texto inovador é mediocremente avaliado pelas entidades académicas governamentais (e outras), só porque não está redigido em inglês, e um texto medíocre é superiormente classificado, só porque está em inglês (não importa se em inglês de computador ou inglês de Harvard) – tem a ‘classe científica’ o direito (e o dever!) de se revoltar contra essa tirania inconcebível.
            Nessa luta estamos, pois! E queremos vencê-la!
 
                                                                                   José d’Encarnação

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 223, Agosto de 2017, p. 15.

38 comentários:

  1. Luciano Lourenço
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 11:40

    Meu caro amigo José da Encarnação
    Parabéns pelo sucinto mas muito bem elaborado texto. Foi com muita satisfação que o li.
    Há muito que também luto contra certas imposições e tive dificuldade em impor, além do inglês, alguma polifonia (português, castelhano e francês) como línguas oficiais dos Congressos Internacionais de Riscos e da revista Territorium, o que acarreta alguns inconvenientes mas tem muitas vantagens, como o tempo tem vindo a comprovar.
    Porque também estou nessa cruzada, desejo muito êxito e sucesso às iniciativas que vieres a tomar nesse sentido.
    Um grande abraço.
    Luciano Lourenço
    Departamento de Geografia e Turismo
    Faculdade de Letras
    Universidade de Coimbra

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  2. José María Álvarez Martínez
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 11:39

    Cuenta conmigo. Estoy de acuerdo
    Un abrazo

    Chema

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  3. Marco.Coronel@uv.es
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 11:26
    Estimado Profesor: Enhorabuena por su columna titulada "Da tirania do inglês". Tiene Vd. toda la razón del mundo. Le he dado difusión entre todos mis contactos, pero no quería dejar de mostrarle mi reconocimiento. Nosotros, además, tenemos un enorme privilegio: con la caída de la Torre de Babel, el cielo nos concedió que, hablando cada uno su lengua, nos pudiésemos entender a la perfección. Portugal y España deberían trabajar coordinadamente siempre. Y deberíamos empezar por convertir la balsa de piedra, en el feliz título de Saramago, en un único corazón vitalista, robusto y, si me permite, enamorado.

    Un saludo afectuoso.
    Marco Antonio Coronel Ramos.

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  4. Maria Lurdes Craveiro
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 11:08
    Doutor José d'Encarnação,
    Subscrevo por inteiro.
    Obrigada e abraço,
    Maria de Lurdes Craveiro

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  5. VITOR NETO
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 11:00
    Caro Doutor José d'Encarnação estou inteiramente de acordo com o seu texto.
    Boas férias.
    Vítor Neto

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  6. Lídia Fernandes
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 12:28
    Caro Professor
    Que texto tão bonito, sucinto e ilustrativo para exprimir o que muitos de nós sentimos!
    Parabéns!
    Beijinho,
    Lídia

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  7. Uma exemplar história franco-italiana

    Em comentário ao texto «Da tirania do inglês», uma colega italiana deu-me conta de que recusara pertencer a uma comissão destinada a apreciar projectos de investigação franceses, uma vez que o convite lhe fora feito em língua inglesa, o que deveras lhe causou admiração, atendendo a que – como é, aliás, sabido – a França tem sido paladina em promover a francofonia.
    Aproveitou, de resto, para recordar que também ela está na luta contra o uso «absoluto do inglês na investigação em História, Arqueologia e Ciências Humanas», uma atitude monolítica que, além de não se enquadrar nas tradições dos países latinos, apenas serve para empobrecer uma cultura verdadeira ‘humanística’. E, se bem que os arqueólogos italianos – como, de resto, sucedeu a todos – tenham procurado aprender várias línguas, tal redundou num enriquecimento, porque nos facultou a possibilidade de melhor compreender os mecanismos lógicos expressos em idiomas diferentes.
    Se, agora, a França está a mudar o seu paradigma – curiosamente numa altura em que o Reino Unido se procura afastar da Europa e os Ingleses votaram a saída da União Europeia… – é, realmente, motivo de muito espantar!
    E termina a minha colega, afirmando que lamenta, mas não poderá integrar uma comissão nessas condições, renunciando, assim, a uma actividade que até a poderia culturalmente enriquecer ainda mais.
    Não posso deixar de louvar a atitude exemplar desta minha colega, que, porventura, não seria indesejável que todos a começássemos a imitar!
    Ah! Falta dizer o que o colega francês respondeu! É que também lá – em França! – todos os projectos têm de ser redigidos em inglês e os 30 jurados são obrigatoriamente não francófonos e que a mensagem recebida pela minha colega fora enviada, em língua inglesa, a 1200 especialistas! E, em jeito de remoque (digo eu), assinalava que a Universidade de Milão optara por leccionar todos os seus cursos em inglês!
    Creio haver aqui um pormenor a esclarecer: decerto estamos perante cursos onde a percentagem de alunos ERASMUS é grande. Mas, por outro lado, direi – e posso dizê-lo com pleno conhecimento de causa, porque fui responsável ERASMUS na minha Faculdade durante vários anos e estive presente nas reuniões preparatórias do programa – um dos objectivos do Programa ERASMUS é que os estudantes aprendam a integrar-se no País para onde forem estudar, inclusive mediante a aprendizagem da respectiva língua!
    Mas, enfim, já outro colega francês me esclarecia porque é que Deus acabara de se propor a integrar o CNRS e fora peremptoriamente recusada a sua integração, porque: a) só fizera uma experiência e, ainda por cima, irrepetível; b) nunca trabalhara em equipa e… c) não publicara nada em inglês! E Jesus disse-Lhe: «Perdoai-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem!» (Lucas, 23, 34).
    José d’Encarnação

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  8. Luis Reis Torgal
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 18:30
    Dou-te todo o meu apoio. Posso subscrever o teu texto.
    Um grande abraço
    LRT

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  9. Jose Remesal Rodriguez
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 18:42
    Querido José,
    yo también protesté la vez que tuve que enjuiciar proyectos portugueses, financiados por vuestro ministerio, a los que a los candidatos se les había impuesto redactar el proyecto en inglés. Y, naturalmente, el inglés de muchos proyectos no era el ideal, lo que incidía en una valoración negativa de bastante proyectos.
    creo que alguna vez podrías citar nuestro manifiesto.
    Un fuerte abrazo
    Pepe

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    1. Vou aproveitar a tua frase para divulgar de novo o Manifesto. Tens razão! Abraço!

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  10. Luis Reis Torgal
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 18:44

    Obrigado, Caro Amigo, por me enviares mais esta reflexão. Julgo poder juntar-me à nossa colega italiana e podes citar-me. De resto, julgo que já te contei o que vou agora, porventura, repetir. Também eu fui convidado — convite escrito em língua inglesa— para ser consultor do CNPq, do Brasil, sendo pago em 500 US Dol. por cada parecer. Recusei. Aqui vai a cópia do e-mail que então enviei. Devo acrescentar que nunca tive uma resposta a este meu texto.
    Um grande abraço
    LRT

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    1. Por haver limite de caracteres, não pude incluir neste comentário a carta do Doutor Torgal; vai ser incluída no comentário a seguir.

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  11. Pelas referidas razões de espaço, tomei a liberdade de omitir algumas passagens da carta, que em nada alteravam, porém, o seu significado último. Com a devida vénia do meu querido Amigo Professor Luís Reis Torgal:
    […]
    Permita-me escrever-lhe em Português, a língua que ambos falamos e em que ambos escrevemos. Isso não significa que não aceite, obviamente, que se possa escrever em Inglês (tenho alguns artigos publicados nessa língua e em várias outras línguas estrangeiras) no domínio das relações internacionais, mas sempre que é necessária uma língua de comunicação, o que não me parece o caso.
    Em primeiro lugar, quero agradecer-lhe a honra que me concedeu ao convidar-me para fazer parte do corpo de consultores do CNPq.
    […] Em segundo lugar, gostaria de lhe dizer que tentei, apesar do que lhe direi em seguida, inscrever-me, mas sucedeu que não consegui pelo facto de se considerar errada a instituição a que me encontro ligado. A razão deve ser exclusivamente de ordem formal, já que inscrevi a minha situação profissional como “professor catedrático aposentado da Universidade de Coimbra” […] Considerar-se-á, certamente, que, de um ponto de vista formal, já não pertenço à Universidade, dada a minha ligação (para efeitos de vencimento) à Caixa Nacional de Aposentações, embora pertença, por outro lado, formal e cientificamente, ao Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20), de que fui o fundador e coordenador científico, ligado à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). De resto tentei numa segunda tentativa inscrever essa instituição como endereço profissional, mas sem sucesso.
    Em terceiro lugar, devo dizer que estive para tentar reescrever o formulário a que tive acesso, […] mas resolvi não o fazer pelo menos por enquanto pela seguinte razão:
    Pus em dúvida se deveria colaborar desta forma com o CNPq, embora tenha uma longa relação científica e institucional com o Brasil, pelo qual tenho uma afeição profunda. O motivo é que tenho algumas reservas em relação a este tipo de pareceres […]. De resto, depois de ter sido consultor da FCT e de ter coordenado a primeira equipa internacional de avaliação dos centros de pesquisa de História portugueses em 1996, pedi a minha substituição logo que, de uma avaliação qualitativa e de discussão de especialistas, se passou para uma avaliação de preenchimento informático de tabelas em Inglês, que me criavam muitas dúvidas e agora cada vez mais, desde que se quer dar à ciência um sentido mais globalizador do que internacional, produtivo e economicista. [...]

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  12. Filomena Barata
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 11:56

    Muito grata por tão ponderada reflexão.
    Um abraço,
    Filomena Barata

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  13. pierre sillieres
    terça-feira, 25 de Julho de 2017 06:31

    Cher José,
    Un grand bravo pour ta campagne en faveur de nos langues latines affrontées à l'envahissement de nos matières littéraires par l'anglais.
    Je vais simplement te rapporter comment j'ai, une fois, participé à cette lutte qui, malheureusement, est sans doute déjà perdue, en raison de la complicité de nos administrations nationales, CNRS inclus.
    Un fois, je fus en Angleterre, à Leinster, à un colloque sur Early Roman Towns in Hispania Tarraconensi au cours duquel j'ai présenté Labitolosa à un public d'étudiants et de professeurs anglais travaillant ou s'intéressant à notre chère péninsule Ibérique. Mais j'ai refusé de faire ma communication en anglais comme il m'avait été demandé, et je la fis en castillan indiquant à l'auditoire que pour bien étudier l'antiquité de l'Hispania il fallait nécessairement, le parler pour, par exemple, pouvoir s'entretenir avec les habitants, en particulier avec les ruraux qui nous apportent fréquemment des informations très importantes, comme pour ma part le barbero de la Lenteruela ou le presseur d'huile de La Cerradura de Pegalajar que je n'oublierai jamais et que remercie dans l'introduction de ma thèse (p. 7 et 8) à côté de professeurs d'universités et de directeurs de musées.
    J'ajouterai que cette communication fut publiée seulement après avoir été traduite en anglais, afin que ces pauvres Britanniques puissent la comprendre. Aussi puis-je m'enorgueillir d'avoir, dans ma bibliographie, une publication dans la langue de Shakespeare (The ancient towns of the central Pyrenees with Labitolosa and its territory», in: S Keay (dir.), Early Roman Towns in Hispania Tarraconensi (en collaboration avec L. Chasseigne, M. Fincker, M.A. Magallón Botaya, M. Navarro, C. Rico et C. Saénz), 2006, p. 146-158).

    Un abrazo muy fuerte de tu amigo

    Pierre

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  14. Maria Antonia Lopes segunda-feira, 24 de Julho de 2017 23:23
    Conciso e certeiro! Nesta luta estou também.
    Obrigada e continue, por favor, com a denúncia deste escândalo que é ofensa à liberdade de expressão e de investigação e ofensa à inteligência.
    Continue, por favor, porque creio que somos muito mais do que “eles” pensam.
    Grande abraço,
    Maria Antónia

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  15. Caro José d´Encarnação
    Estou em completa sintonia
    Um abraço
    António Nabais

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  16. Vitor Oliveira Jorge
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 12:43
    Meu caro
    Entre nós... o inglês é como o latim dos tempos antigos, que tão bem conheces. É a língua do Império. E qualquer dia será o chinês (já cá não estarei para essa outra catástrofe). Isto é uma das formas de tirania actuais, o inglês (eu lido muito melhor com o francês... embora como saibas te unha lidado um bocado com ingleses...)... Vê outras formas de tirania: a destruição do ambiente, com consequências na nossa saúde e bem-estar, mas o lucro manda mais alto; a destruição do ensino, reduzido a 3 ciclos, saindo licenciados que são autênticas crianças mentais, para não dizer outros níveis (é a inflação dos diplomas), etc.
    Grande abraço
    Vítor
    (Vim de Castanheiro do Vento, das escavações, onde também se falava... inglês)!!! E porquê? Porque um grupo inglês envia jovens licenciados para treino cá e paga à ACDR de Freixo de Numão a estadia... e essa estadia, mais um subsídio que a Câmara dá à ACDR, permite uma campanha de 5 semanas...

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  17. Regina Anacleto
    24 de julho de 2017
    Para além de estar de acordo com o texto, considero-o muito oportuno. A “revolta” devia ser total e obrigar a uma revisão dessa estúpida obrigatoriedade.
    Abraço
    Regina

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  18. José Azevedo Silva
    terça-feira, 25 de Julho de 2017 11:00
    Que belo e oportuno artigo! Apoio com todas as minhas forças mentais e viscerais. Abaixo a tirania do inglês!
    Um abraço amigo e bons dias de inspiração actuante.
    J. Azevedo e Silva

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  19. Agradeço penhoradamente à Dra. Isabel Luna ter-me dado a conhecer, nesta circunstância, este vídeo, com a recomendação:
    A este propósito, não posso deixar de lhe enviar este documentário imperdível(sim são 19 minutos, mas garanto-lhe que vale cada um deles!):

    https://www.youtube.com/watch?v=Wr2YJoQeYsE

    Vi até final; fartei-me de rir e considerei como teria sido bom que alguém, entre nós, tivesse feito o mesmo em relação à Língua Portuguesa. Mas não tenhamos dúvidas: o que no vídeo se diz em relação à Língua Italiana, aplica-se rigorosamente à Língua Portuguesa.
    E garanto: no contexto das mensagens que trocámos nestes dias, o vídeo vem mesmo a calhar. Não podia ser melhor!
    Portanto, Amiga(o): sente-se, respire fundo e ganhe para si, serenamente, 20 minutos da sua vida!
    Mas, por favor, se não tem agora esses 20 minutos, não deite esta mensagem já para o caixote do lixo (digo: recycle bin!!!...) e guarde-a religiosamente até que esses 20 minutos lhe possam pertencer por inteiro. Não irá arrepender-se, garanto-lhe!
    Bem haja pela sua atenção!
    J. d’E.



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  20. Claudia
    quarta-feira, 26 de Julho de 2017 00:59

    Maravilha!
    Aliás, li suas últimas mensagens seguidamente. São mais que apropriadas para o Brasil também - os órgãos avaliadores tupiniquins também impõem o uso do inglês e, nas ruas de Copacabana, pessoas já dizem "estou com dificuldade em listen", "hoje estou cool", "quer um help aí?", e extravagâncias que tais. Ai, meus sais...

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  21. Fernando Pereira
    quarta-feira, 26 de Julho de 2017 22:59
    Vi e ouvi e, entretanto, ia pensando na minha Miranda onde (nem) se fala o mirandês nem o português nem o espanhol e nada de inglês, mas os reclames são todos em espanhol.
    Caro Professor, agradeço mais esta reflexão.

    Fernando Pereira

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  22. Jean-Pierre MARTIN
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 16:00
    Votre combat est tout aussi valable pour la France. Les anglicismes pullulent partout et sont l'expression d'une pensée qui détruit la langue maternelle seule capable d'exprimer les subtilités de la réflexion.
    Jean-Pierre Martin.
    Professeur émérite à la Sorbonne.

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  23. Joan Sanmartí Grego
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 15:47

    Benvolgut professor d'Encarnação
    He seguit amb molt d’interès la seva campanya en relació al pes creixent de l’anglès com a llengua de comunicació científica en l’àmbit de l’arqueologia i l’Antiguitat de l’Europa mediterrània. És lògic que sigui així, ja que, com a membre d’una comunitat lingüística tradicionalment menystinguda, sovint perseguida i, en tot cas, minoritzada, sóc molt sensible a aquestes qüestions.
    És interessant, des del punt de vista que acabo d’expressar, veure que els usuaris de les grans llengües emparades per sòlides estructures estatals experimenten, en aquest moment històric precís, les mateixes angoixes i insatisfaccions que durant decennis i segles hem patit –i encara seguim patint- els membres de les comunitats lingüístiques minoritzades. Dic que encara continuem patint perquè llengües com el català, el gallec, o el sard, entre altres, són sovint excloses en les normatives de redacció de moltes revistes, congressos i reunions internacionals. M’estalvio els exemples.
    Suposo que molts dels qui ploren per la creixent extensió de l’anglès entenen, en canvi, que aquesta lamentable situació de les llengües minoritzades és perfectament normal, partint de la idea que existeixen llengües “importants” (generalment amb un estat-nació al darrera) i llengües “secundàries”, i que només les primeres han de ser utilitzades en l’àmbit científic. És almenys el que deixa entendre el fet mai no hagin alçat la veu per defensar l’ús de les llengües “petites”. I potser tenen raó, o una part de raó: tot serà més fàcil si en lloc de deu llengües en fem servir cinc, i encara més si entre les primeres s’hi compta, per exemple, l’àrab. Bé, d’acord....però, si es porta aquest argument al seu límit, també caldrà acceptar que tot serà més fàcil si en lloc de cinc llengües en fem servir només una, que en aquest moment històric només pot ser l’anglès, la llengua internacional de la ciència, un instrument l’extensió del qual facilita la comunicació i la difusió generalitzada del coneixement. Si ho féssim així, els meus alumnes ja no es queixarien perquè recomano articles en francès, ni alguns col•legues m’expressarien les seves reticències per l’ús del català.
    I vull acabar dient que he tingut la sort de créixer com a trilingüe (espanyol i francès a l’escola; català a casa, ja que sota el franquisme no tenia cabuda al sistema educatiu), i d’haver adquirir posteriorment un coneixement suficient d’altres llengües europees. Els meus treballs estan escrits en la meva única llengua pròpia (el català), però també en espanyol, en francès, en anglès i algun en italià. M’agrada la diversitat lingüística i cultural, i lamento la desaparició de qualsevol llengua. Però em molesta profundament que només es protesti per la uniformització que representa l’extensió de l’anglès mentre s’ignora la minorització, també en l’àmbit científic, de llengües europees mil•lenàries.
    Joan Sanmartí

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  24. Depois do texto em catalão (bem-vindo!), agora o texto em francês:
    Cher Professeur d’Encarnação
    J'ai suivi avec beaucoup d'intérêt votre campagne par rapport à l'importance croissante de l'anglais en Europe méditerranéenne comme langue de communication scientifique dans les domaines de l'archéologie et de l’Antiquité. C’est bien normal, car, étant moi-même membre d'une communauté linguistique traditionnellement méprisée, souvent persécutée et, en tout cas, minorisée, je suis très sensible à ces questions.
    Il est intéressant, du point de vue que je viens d'exprimer, de constater que les utilisateurs des grandes langues officielles protégées par des structures étatiques solides, éprouvent, en ce moment historique, les mêmes angoisses et insatisfactions que les membres des communautés de langue minoritaire ont souffert –et continuent à souffrir– pendant des décennies et des siècles. Je dis que nous les souffrons encore parce que les langues comme le Catalan, le Galicien ou le Sarde, parmi d'autres, sont souvent exclues de nombreuses revues et des conférences et réunions internationales. Je vous épargne les très nombreux exemples que je pourrais en donner.
    Je suppose que beaucoup parmi ceux qui crient contre l'usage croissant de l'anglais, pensent, par contre, que la situation malheureuse des langues minorisées est tout à fait normale, se fondant sur sur l'idée qu’il y a des langues « importantes » (généralement protégées par un État-nation) et des langues « secondaires », et que seulement les premières devraient être utilisées dans la science. C’est du moins ce que laisse à comprendre qu'ils n’aient jamais élevé leurs voix pour appuyer l'utilisation des « petites » langues. Et peut-être qu'ils ont raison, du moins en partie: tout serait plus facile si, au lieu de dix langues, nous n’en utilisions que cinq (et encore plus si parmi les premières il a, par exemple, l'arabe). D’accord, mais si l’on prend cet argument à sa limite, on devra également accepter que tout serait plus facile si au lieu de cinq langues, nous n’en utilisions qu’une seule : dans les circonstances actuelles, évidemment, l‘Anglais, la langue internationale de la science, un instrument dont l'extension facilite la communication et la diffusion générale des connaissances. Si on le faisait, mes étudiants ne se plaindraient plus du fait que je leur fasse lire des articles en Français, et certains collègues ne me reprocheraient plus la manie des Catalans d’utiliser leur langue pour des écrits scientifiques.
    Je voudrais terminer en disant que j'ai eu la chance de grandir trilingue (espagnol et français à l'école ; le catalan à la maison, parce que sous Franco il n’avait pas de place dans le système éducatif) et d’acquérir ensuite une connaissance suffisante d'autres langues européennes. Mes travaux sont écrits en ma propre langue (le Catalan), en Espagnol, en Français, en Anglais et en Italien. J'aime la diversité linguistique et culturelle, et je regrette la disparition de toute langue. Mais ça me dérange profondément que l’on ne proteste que par l’uniformisation qu’entraîne l'extension de l'anglais, tout en ignorant la minorisation, aussi dans la science, de langues européennes millénaires.
    --
    Joan Sanmartí

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  25. Jean Claude Richard Ralite
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 14:41
    Nous sommes au moment où l'anglais risque de recouvrir toutes les langues locales un peu comme aux IV,V,VI,VII siècles lorsque cela s'est passé pour le latin................
    Est-ce le sens de l'histoire ? Je ne le pense pas mais il risque aussi de se produire une nouvelle frontière entre les lettrés, intellectuels et... le peuple qui peut durer plusieurs siècles.
    En tout cas nous sommes encore nombreux à ne pas oublier ni vouloir oublier nos études classiques, le latin et le grec, entre autres....
    Une civilisation ne peut se bâtir sur une langue... mécanique... informatique!
    Cordialement
    Jean-Claude RICHARD RALITE

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  26. Maria Teresa Azevedo
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 13:31

    Caro José d'Encarnação,
    agradeço estes momentos de reflexão e de protesto - que dificilmente passam disso ! - sobre a obrigatoriedade do inglês como língua materna da ciência... A comunidade científica está bem instalada na ideia de que a universalização dos nossos saberes só tem eficácia se for comunicada numa "língua única". Na época medieval e renascentista foi o latim - mas todos sabemos como o inglês é bem mais fácil! E línguas, como o esperanto, perderam a corrida logo à nascença... O mal, o grande mal: habituámos os povos anglófonos à ideia pouco nobre de que eles, os privilegiados, não precisam de aprender outras línguas, comunicar noutras línguas, mesmo quando - como a experiência do colega francês que aqui relata - a língua do país e da história que estudam é um dado incontornável.
    Tem vantagens, certamente, para quem domina o inglês, pois passa facilmente (se for bom ou até que o não seja!) no teste da universalização, que é agora a grande aposta e o trunfo imprescindível para boas avaliações. E não me parece que este contexto seja facilmente revertível, a menos que (por exemplo) a União Europeia se lembre - e imponha - outras regras de universalizar a ciência... Até lá, resta-nos o humor, que não falta, e o exercício de desmontagem dos equívocos inerentes a esta "globalização", mais parecida com uma ditadura de língua, aceite em nome do prestígio e da glória "nacional" ...
    Mas esta sobreposição abusiva não vem do nada: foi-se formando ao longo de décadas de penetração do inglês como pop língua, como o vídeo da Annamaria Testa ilustra bem, nos seus aspetos sérios e caricatos. Estou grata pelos belos momentos que trouxe, pelo conhecimento do "crioulo" itanglês que pulula um pouco (com as variantes indispensáveis!) por todo o lado. Um mal já sem pey smecker que lhe valha...
    Obrigada, um abraço!
    Teresa Schiappa

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  27. VITOR NETO
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 10:36
    Prof. José d'Encarnação,
    Muito interessante o vídeo da RAL.
    Há, portanto, um sentimento pelo menos nalguns países contra a dominação do inglês como língua e sobre os anglicismos.
    Pela minha parte também contesto o actual estado de coisas nas Universidades sobre o uso da língua inglesa.
    Cumprimentos.
    VN

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  28. yann.lebohec@wanadoo.fr
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 10:29
    Je suis de tout cœur avec ceux qui défendent les langues autres que l’anglais. Les meilleurs connaisseurs de l’Antiquité sont des Italiens, des Espagnols, des Français et des Allemands, pas des Anglo-Saxons. Si ces derniers veulent étudier cette période, ils n’ont qu’à apprendre les autres langues.
    Courage! Nous les aurons!
    YLB

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  29. Jose Remesal Rodriguez
    segunda-feira, 24 de Julho de 2017 18:42
    Querido José,
    yo también protesté la vez que tuve que enjuiciar proyectos portugueses, financiados por vuestro ministerio, a los que a los candidatos se les había impuesto redactar el proyecto en inglés. Y, naturalmente, el inglés de muchos proyectos no era el ideal, lo que incidía en una valoración negativa de bastante proyectos.
    creo que alguna vez podrías citar nuestro manifiesto.
    Un fuerte abrazo
    Pepe

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  30. Ivan di Stefano
    Roma,sábado, 29 de Julho de 2017 11:51

    Caro José, grazie per gli aggiornamenti sul tema degli anglicismi. I video su youtube sono un autoritratto del servilismo culturale delle masse, dell’economia, dell’industria ecc. Condivido questa battaglia, ma dovrei dire "rivoluzione culturale". Sono tuttavia preoccupato per la salus della Unione Europea, i cui primores non mi sembrano capaci di affrontare i gravissim problemi dell’attuale momento storico. Un caro saluto da Ivan.

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  31. De: Ana Morgado
    segunda-feira, 31 de Julho de 2017 10:30

    A nota final do texto é muito boa.
    Tive um colega de curso que foi fazer Erasmus para Roma mas antes aprendeu italiano.
    Mas por cá, então é demais... Nomes de empresas que surgem novas, já nem se pode ligar. Até artesãos que criam conceitos, empresas, projectos, páginas de internet e FB, é tudo em inglês.
    (O que é fazer coaching? Expliquem-me, que eu não percebo. E sei falar inglês... ).
    Mas até, pasme-se, projectos e empresas municipais de Câmaras das mais recônditas, tudo é em inglês???
    Ana Teresa

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  32. Francisca CHAVES TRISTÁN
    terça-feira, 1 de Agosto de 2017 18:08

    Querido José, !magnífica la conferencia de Annamaria Testa! y mira como también en Sevilla las personas de mi grupo nos preocupamos por la invasión del inglés (video de Francisco José García Fernández)
    Espero que estas iniciativas que tu abanderas, cada día tengan más calado. Acabo de regresar de Oporto tras unas estupendas vacaciones con el querido pueblo portugués !vivan todos los herederos del latín y no nos dejemos dominar por el orgulloso inglés! ¿no querían brexit? pues que tomen brexit...
    Un abrazo y buen verano,
    Paquita
    ……………………………………
    De: Francisco José García Fernández
    Caro Profesor,
    solo por contribuir a este interesante debate, le envío un vídeo que publicó la Real Academia de la Lengua sobre el abuso de los anglicismos en la publicidad. Es un juego irónico y divertido que ha tenido cierto eco en las redes aquí en España.
    Espero que le resulte interesante.
    https://www.youtube.com/watch?v=-HsCFRLvMVI
    Un cordial saludo

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    Respostas
    1. Confesso: jamais esperaria tão grande adesão, a todos os níveis - e vindo de todos os lados (excepto, por enquanto, do Reino Unido, cujos investigadores só acordarão quando se aperceberem que o seu bonito idioma está a ser completamente e a todo o instante abastardado...). Os vídeos que estão a ser feitos nesse sentido são duma ironia mordaz e, creio bem, deveras eficiente. Vivam, pois, as línguas nacionais. E que as entidades académicas de cada país deixem, de uma vez por todas, de só considerarem bom o que vem redigido no idioma dos que, recentemente, votaram por virar costas à Europa!

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  33. Neyde Theml 24/7 às 14:55
    Sempre tive uma resistência em aprender inglês. Meu inglês é como o nosso índio Juruna falava o português. Até hoje sou péssima, com o tempo, fiquei pior. Aqui, brasileiro tem mania de querer falar melhor o inglês que o próprio nativo. É puro snobismo.

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  34. De: Francisco Fernández Lara
    terça-feira, 8 de Agosto de 2017 19:12

    Estimado José, vengo leyendo con sumo interés sus diversas aportaciones a este foro y las controversias que suscita.
    Si bien es cierto todo lo que aporta, no es menos cierto que se necesita algún utillaje para comunicarse con un Turco o un Chino (p.e) o cualquier otro, con el que no tenemos unas herramientas comunes.
    No vale quejarse de que el Francés ha dejado paso al Inglés, como antes lo hicieron otras lenguas al Francés, al Español o al Portugués (según épocas). No nos sirve que el Arameo, Árabe, Latín o Griego fueran lenguas francas en la antigüedad, hoy se han perdido o se están perdiendo.
    Pienso, no sé si acertadamente, que el trabajo le hemos de desarrollar según nuestra lengua madre y de aquí a la lengua franca del momento - hoy el inglés, mañana puede que el Chino- el que avalen, o no, un determinado trabajo pasa por que se pueda conocer y, para bien o para mal, los medios y la tecnología hoy están en Inglés y aquí no se puede ni vencer, ni convencer, sólo adaptarse e invertir en nuevas tecnologías, cosa que ni los gobiernos de su país, ni del entorno mediterráneo están en condiciones de hacer.
    Agradeciéndole su trabajo y aportaciones, le deseo un buen verano, aunque sea caluroso.
    Reciba un cordial saludo.

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  35. De: Regina Anacleto
    quinta-feira, 27 de Julho de 2017 23:20

    Os seus textos, as respostas e os vídeos relacionados com a defesa da utilização da nossa língua no mundo científico têm-me interessado e tenho-os reencaminhado para alguns amigos. Não compreendo essa obrigatoriedade e nem a aceito. Mesmo os alunos Erasmus devem aprender o português e prestar as suas provas na nossa língua. As minhas duas netas fizeram Erasmus em Bonn e em Barcelona. A Sara teve de aprender alemão e, tanto as escritas, como as orais eram prestadas nessa língua. A Inês aprendeu catalão, porque a isso foi obrigada. As duas fizeram as cadeiras que lhe permitiram passar de ano. O Filipe, no próximo ano, vai fazer o segundo semestre e completar o mestrado em Londres. Toda a documentação teve de ser feita nessa língua, inclusive as cartas para o professor que o vai orientar.
    Nós deixamos que todos nos pisem. E, infelizmente, em todos os campos.
    Regina

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