Foi invenção recente, embora, no dia-a-dia, nos pareça que há telemóvel desde sempre!... Ainda nos lembramos bem do pastor que recebe uma chamada em pleno descampado e, perante o olhar espantado das ovelhas, lhes grita: «É pra mim!!!»…
Para isso serve o telemóvel: para mensagem urgente, em sítio inacessível; para pedido de socorro numa emergência (e lá está a sugestão de termos na lista de nossos contactos algo como as iniciais A ECE, a indicar quem se deve contactar «em caso de emergência»). Prenda para jovens em idade escolar, logo que saibam funcionar com ele, para poderem rapidamente contactar com os pais… Enfim, o que se sabe.
Há, porém, regras que o bom senso determina para o seu uso. As cenas caricatas de um toque deveras inoportuno, no momento menos adequado…
Outro dia, alguém me comentava, no final da viagem de comboio:
‒ Já viste? Aquela executiva, toda operacional, deve ser bem tramada! Reparaste na quantidade de telefonemas que fez? E está mesmo a ver-se que tomou de ponta uma das funcionárias… Com todos os pormenores que foi acrescentando acerca do seu comportamento!…
E no metro:
‒ Agora, tenho que ouvir o seu telefonema, senhora? Fale baixo, mulher, tá bem?
‒ Olha-me esta! – continuou a dama, a falar com quem estava do outro lado. ‒ Sempre me sai cada uma na rifa!...
E desarvorou para a extremidade da carruagem, a resmungar, e a falar de modo que toda a gente ouvia… Por sinal, nada de interessante: nem crimes, nem paixões, nem ladroagem, nem ciúme… Negócios, parece que era negócios… Como, na circunstância, se poderia fugir ao IVA…
Publicado no quinzenário de Mangualde, Renascimento, nº 563, 01-02-2011, p. 13.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
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